Última alteração: 2018-10-23
Resumo
As ceras possuem inúmeras propriedades que as tornam muito importantes para a indústria. Há muitas pesquisas sobre a extração da cera da cana proveniente da torta de filtro, resíduo das indústrias sucroalcooleiras, porém o rendimento de extração é baixo e o processo torna-se inviável pelo fato da torta de filtro conter muitas impurezas. Contudo, existe uma fonte alternativa, que é limpa, abundante e desperdiçada no país, a casca residual proveniente dos pequenos produtores. A cera da casca possui grande potencial como matéria prima para extração e refino de modo mais eficiente. Deste modo, o objetivo desta pesquisa foi realizar um estudo sobre a extração da cera da casca da cana-de-açúcar com o intuito de otimizá-la, padronizá-la e informar a sociedade sobre o potencial desta matéria prima. Para condução do experimento, foram selecionadas três variedades de cana RB que foram descascadas por dois métodos, com uma lâmina e uma lixa, de forma a simular e avaliar o método de descascamento utilizado pelos garapeiros. Após serem removidas, as cascas foram secas e submetidas à extração pelos solventes orgânicos etanol anidro, hexano, ciclohexano, acetato de etila, éter etílico, álcool isoamílico e uma mistura éter etílico e etanol 1:1. As ceras brutas obtidas a partir de cada solvente foram quantificadas e qualificadas por meio das análises físico-químicas de índice de iodo, índice de acidez, índice de saponificação, dureza, ponto de fusão e pela obtenção de espectros na região do infravermelho. Por fim, as ceras brutas foram purificadas para avaliação da porcentagem de cera pura presente na cera bruta. Após verificadas as pressuposições de normalidade dos erros e homogeneidade das variâncias, os dados foram analisados pelo teste de Tukey (p < 0,05), ambos pelo procedimento GLM do SAS®. Dentre todos os solventes, os que se destacaram foram o etanol e o isoamílico, pois apresentaram maior porcentagem de extração ( p< 0,05) e o hexano e ciclohexano pelas ceras brutas com melhores qualidades físico-químicas. O método de descascamento com lâmina se demonstrou melhor do que a lixa (p < 0,05), pois remove menos material fibroso e, consequentemente, concentra mais cera. No processo de purificação foram obtidos valores de cera pura de 32,3%, 57,2%, 55,7% e 49,1% nas ceras brutas extraídas com etanol, ciclohexano, hexano e isoamílico, respectivamente. Os espectros no infravermelho demonstraram picos bem característicos de ceras. A utilização da casca da cana-de-açúcar gerada pelos garapeiros pode ser uma alternativa ao setor de matéria prima, além de gerar ao pequeno produtor uma fonte de renda com o seu resíduo que seria desperdiçado. O melhor método de obtenção da casca para extração de cera é pela lâmina, uma vez que remove menos material fibroso e apresenta menor perda no processo. Os solventes hexano e ciclohexano apresentaram melhor desempenho de extração, a cera extraída é mais pura, o que implicaria em menores custos no processo de purificação, porém, esses solventes são caros e sua disponibilidade é limitada, portanto, o etanol anidro foi considerado a melhor opção, apesar de remover muitas impurezas, se justifica pela alta disponibilidade, baixa toxicidade e preço.
Palavras-chave
Referências
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