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Caracterização e mapeamento de quintais agroflorestais em paisagem urbana
Última alteração: 2018-10-22
Resumo
O mapeamento da vegetação urbana tem se restringido às áreas públicas ou à área total, não deixando de forma evidente a contribuição dos quintais para a sua composição. Esta pesquisa buscou coletar e analisar informações sobre quintais urbanos (referentes à localização, estrutura, composição e manejo)no bairro Parque das Árvores, em Araras (SP), a fim de identificar as principais espécies implantadas e a presença de consórcios agroflorestais nesses espaços, analisando seu potencial para a melhoria da paisagem e contribuição para a segurança alimentar de seus moradores. A coleta de dados compreendeu visitas às residências do bairro. Foram incluídos na pesquisa os quintais com área permeável e plantios aos quais os moradores permitiram o acesso para levantamento das espécies. Foram visitadas 191 residências e incluídos 84 quintais no levantamento, 51 deles identificados como quintais agroflorestais. Foram gerados mapas para representação espacial desses quintais agroflorestais, identificando a distribuição espacial de riqueza de espécies nesses espaços. Foram encontradas 174 espécies cultivadas, identificadas por nome comum e científico e categorizadas por forma de vida e função. A maioria das espécies é ornamental (65), seguidas pelas alimentícias (42), medicinais (34) e frutíferas (31). Outras 3 espécies foram identificadas para produção de bucha de limpeza, produção de matéria orgânica e para simpatia (1 espécie cada). A quantidade de espécies alimentícias e frutíferas (73) demonstra o costume de se cultivar plantas que complementem a alimentação das famílias e caracterizem os quintais como espaços de lazer. Do total, 39 espécies são arbóreas.As espécies não arbóreas mais frequentemente encontradas durante o levantamento foram: samambaia - Nephrolepis exaltata (em 26 quintais, 14% das áreas avaliadas); cebolinha - Allium fistulosum - e orquídea – Orchis spp (cultivadas em 23 quintais, 12%); hortelã – Mentha spicata (21 quintais, 11%) e roseira - Rosa spp (em 19 quintais, 10%). As espécies arbóreas mais presentes no levantamento foram: aceroleira – Malpighia emarginata (em 20 quintais); mangueira – Mangifera indica (19); coqueiro – Cocos nucifera (16); jabuticabeira – Plinia cauliflora (15); mamoeiro – Carica papaya (13); goiabeira – Psidium guajava (12) e limoeiro – Citrus spp (11), todas frutíferas. Com relação ao manejo, 140 quintais (73%) são manejados de forma orgânica, ou seja, não utilizam adubo químico nem agrotóxicos. Estes quintais orgânicos utilizam como adubo o esterco animal e/ou o húmus comprado, ou simplesmente não utilizam adubo. O controle de pragas, doenças e plantas espontâneas é feito manualmente. Os outros 51 quintais (27%) utilizam adubo químico e/ou formicida e/ou inseticida. A riqueza de espécies nos quintais agroflorestais variou de 4 a 48 espécies. Os de maior riqueza de espécies apresentam de 21 a 48 espécies cultivadas, em todos os estratos analisados. Os resultados confirmam os quintais como espaços de lazer, importantes para a reintrodução do componente arbóreo em áreas urbanas e para diversificação da alimentação, com a produção, em grande parte sem utilização de agrotóxicos.
Palavras-chave
Sistemas agroflorestais, quintais urbanos, consórcio de espécies