Última alteração: 2018-10-10
Resumo
Na safra 2017/2018, a área de 5,1 milhões de hectares plantada com milho de primeira safra no Brasil produziu 26,8 milhões de toneladas. Considerando o potencial do material genético disponível comercialmente, a produtividade média de 5,3 t ha-1 ainda é considerada baixa. O nitrogênio (N) é o nutriente mais requerido pela cultura do milho. Para uma faixa de produtividade de 3 a 12 t ha-1, estima-se a extração de 84 a 336 kg ha-1 de N. No Brasil, a adubação nitrogenada em cobertura na cultura do milho é realizada principalmente com ureia aplicada em superfície e sem incorporação, o que aumenta as perdas por volatilização, que podem alcançar 50% em quatro dias. A utilização de revestimentos políméricos tem reduzido a volatilização da ureia. O objetivo deste trabalho foi comparar os efeitos da adubação com ureia revestida sobre a biometria de plantas de milho em comparação com fontes tradicionais de N (ureia e sulfato de amônio). O cultivo convencional do híbrido de milho AG 8061 PRO 2 ocorreu em Latossolo Vermelho distrófico, considerando produtividade esperada de 8 a 10 t ha-1 e alta classe de resposta a N. O experimento foi disposto no campo conforme delineamento em blocos casualizados, com quatro tratamentos de aplicação de N em cobertura: T0 – testemunha; T1 - sulfato de amônio; T2 – ureia revestida com polímeros; T3 – ureia comum. Aos 150 dias após o plantio, foram realizadas medidas de altura de planta (A), diâmetro do colmo (Æ), número de folhas acima da espiga (NFAE), massa seca (MS), peso por espiga (PE), massa de mil grãos (MMG) e produtividade (PROD). Os teores de N, fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) foram determinados em folhas diagnósticas, coletadas no estádio de pendoamento. Os resultados foram submetidos à análise de variância e, quando significativos pelo teste F (p<0,05), foram avaliados pelo teste de Tukey (p<0,05). Os resultados médios dos parâmetros biométricos que não apresentaram diferenças significativas entre as fontes de N foram: A - 2,26 m (T0 = 2,28 m); Æ - 11,4 cm (T0 = 8,71 cm); PE - 224 g (176,2 g); MMG - 365,5 g (T0 = 347,1 g); PROD - 13,4 t ha-1 (T0 = 10,4 t ha-1). Os maiores valores de NFAE (6,36; T0 = 5,60) e de MS (11,2 t ha-1; T0 = 11,1 t ha-1) foram obtidos com o uso de ureia comum. O menor acúmulo de MS ocorreu com o uso da ureia revestida (7,98 t ha-1). Teores foliares significativamente mais elevados de N (37,3 g kg-1), de Ca (4,27 g kg-1) e de Mg (1,59 g kg-1) foram observados com o uso de sulfato de amônio e a aplicação de ureia comum resultou nos maiores teores foliares de P (1,92 g kg-1). A fonte de N não provocou alterações nos teores foliares de S, cujo valor médio foi de 1,29 g kg-1. A ureia revestida não provocou aumento dos parâmetros biométricos e de produtividade da cultura do milho, apresentando desempenho similar às fontes tradicionais de N.
Palavras-chave
Referências
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