Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, [UFSCar Araras] XXV CIC e X CIDTI - 2018

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Biossorvente preparado com raízes de alface impregnadas em nanopartículas ferromagnéticas para sorção de íons metálicos
Jessica Dantas Torres Rolfsen, Priscila Aparecida Milani, Geórgia Labuto, Elma Neide Vasconcelos Martins Carrilho

Última alteração: 2018-10-10

Resumo


Devido à presença de íons metálicos em corpos hídricos, em concentrações acima dos valores máximos permitidos aos seres vivos, faz-se necessário o desenvolvimento de métodos eficientes de remoção destes contaminantes em águas. Este trabalho teve como objetivo o preparo, caracterização e emprego de biossorventes de raízes de alface (LR) in natura (NLR) e modificado quimicamente (MLR), impregnados com nanopartículas ferromagnéticas (Fe3O4), na remoção de Cu(II) e Mn(II) em meio aquoso. Esses materiais foram caracterizados para investigação dos grupos funcionais responsáveis ​​pela sorção destes íons metálicos (por espectroscopia no infravermelho, FTIR), e para se investigar a eficiência de impregnação das nanopartículas em LR (por difratometria de raios X, DRX, e microscopia eletrônica de varredura, MEV). Os estudos de sorção foram realizados a 25 oC e pH 5,5 em procedimentos de batelada, dos quais os sobrenadantes foram analisados ​​para determinação de cobre e manganês por espectrometria de absorção atômica (FAAS). Isotermas de Langmuir, Freundlich e Dubinin-Radushkevich foram aplicadas a estes resultados para avaliação do modelo que melhor se ajustasse aos dados obtidos. Os resultados de DRX apresentaram as fases cristalinas no material sintetizado e através da equação de Debye-Scherrer o tamanho médio (nm) dos cristalitos foram determinados: NLR-NP (14,35), MLR-NP (16,59), NP (20,98), NLR-NP-Cu (14,01) MLR-NP-Cu (14,24), NP-Cu (20,01), NLR-NP-Mn (17,49), MLR-NP-Mn (15,00), e NP-Mn (21,25). Com isso, pôde-se identificar a ausência de picos de reflexão que confirmariam a presença de material amorfo. Para FTIR observou-se que há bandas espectrais comuns entre os materiais analisados (MLR-NP, NLR-NP, NP, MLR-NP-Cu, NLR-NP-Cu e NP-Cu), como a deformação axial assimétrica e simétrica de O-H da função álcool, observado nas bandas entre 3429 e 3487 cm-1 devido à presença de celulose, hemicelulose e lignina na raiz de alface. Outro grupo em comum observado, com deformação axial C=O e absorção entre 1614 e 1690, foi de carbonilas de aldeídos, que estão presentes na hemicelulose. O estiramento entre 570 e 627 cm-1, atribuído a Fe-O presente na magnetita, também foi observado. As análises de energia dispersiva (EDS) acoplada ao MEV foram importantes para se comprovar a presença de Fe na superfície da raiz de alface. Nos testes de capacidade máxima de sorção (qmax ) para Cu(II) e Mn(II) e os parâmetros investigados, verificou-se que qmax para Cu(II) em NRL-NP e MLR-NP foi 96,19 e 56,43 mg g-1, respectivamente, enquanto que para Mn(II) foi 24,53 e 53,92 mg g-1 em MLR-NP e NLR-NP, respectivamente. Para NP obteve-se baixos valores de sorção destes íons, indicando que toda a sorção se deu pela biomassa de raiz de alface, representando um resultado favorável. A NP facilitou o processo de separação do sobrenadante devido a suas propriedades magnéticas, e apresentou aumento de qmax para os dois íons. Entre os modelos isotérmicos utilizados, o de Freundlich se ajustou melhor aos dados experimentais, indicado pelos coeficientes de correlação obtidos (r2 = 0,956), e a sorção de Cu(II) e Mn(II) foi favorável de acordo com os valores de n (constante de Freundlich).

Palavras-chave


Biossorção, cobre, manganês, isotermas, contaminação de águas

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