Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, [UFSCar Sorocaba] XXV CIC e X CIDTI - 2018

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Icnologia da Formação Aquidauana (Grupo Itararé, Permocarbonífero, MS): Implicações Geológicas e Paleobiológicas
Gabriel Eduardo Baréa de Barros, Bruno Becker-Kerber, Mírian Liza Alves Forancelli Pacheco

Última alteração: 2018-10-28

Resumo


Um dos maiores registros de ambientes glaciais/periglaciais do Neopaleozoico são os depósitos da Formação Aquidauana (Grupo Itararé). Estes registros são importantes para o entendimento de habitats glaciogênicos aquáticos e algumas interações biológicas que tiveram lugar no Permocarbonífero. Este trabalho teve por objetivos a identificação de traços fósseis e estruturas biogênicas associadas na Formação Aquidauana (Mato Grosso do Sul), suas implicações paleobiológicas, bem como comparações com unidades possivelmente correlatas no Brasil e no mundo. Para tanto, foram realizadas caracterizações morfológicas e taxonômicas sob Estereomicroscopia e Microscopia Eletrônica de Varedura. Para análises químicas e mineralógicas foram utilizadas Espectroscopia de Raios-X por Dispersão e Espectroscopia Raman. Até o momento foram identificadas nove icnoespécies: cf. Bifurculapes isp., Cruziana problematica, Dendroidichnites isp., Diplichnites gouldi, Diplopodichnus biformis, Gordia marina, Helminthoidichnites tenius, Rusophycus carbonarius e Umfolozia sinuosa. Além disso, foram verificadas estruturas sedimentares microbiológicamente induzidas (Arumberia), sendo um dos primeiros registros para o fim do Paleozoico. Constatamos, de forma conjunta, baixa icnodisparidade, táxons horizontais epifaunais, presença de Arumberia e nenhum desenvolvimento de mixed layer, como evidências de fortes paralelos com o efeito Déjà vu no Fanerozoico, indicando uma biota representativa de colonização/recolonização de invertebrados no Gondwana. Também foram reconhecidas estruturas que variam de 1,0-3,0 cm, exibindo estriações e marcas de clivagem com evidência de achatamento. Por meio de análises de EDS, observou-se que a maior parte dessas amostras apresenta elevadas intensidades de fósforo, com inclusões vesículares de elevadas intensidades de carbono, além de sinais de elementos terra-rara. Essas análises foram corroboradas pelos dados de Espectroscopia Raman, que salientaram inclusões de calcita e matriz rica em apatita. Tomados em conjunto, os dados químicos e morfológicos, permitiram identificar essas estruturas como coprólitos. Uma caracterização em detalhe aponta para fezes de vertebrados tetrápodes carnívoros, devido a estriação, forma cilíndrica e marcas de clivagem (forjadas pelo ânus do animal produtor), além de uma matriz rica em fósforo e cálcio. Coprólitos de carnívoros tendem a ser mais comuns devido a esses elementos facilitarem a precipitação de apatita durante a diagênese inicial, diferentemente de coprólitos de herbívoros, que devido a falta de fósforo na dieta, possuem menor chance de precipitação de apatita, dificultando sua permineralização. No Grupo Itararé, já foram reportados coprólitos na seção inferior da Formação Rio do Sul, designados a peixes. Nossos resultados revestem-se de importância, uma vez que insere a Formação Aquidauana em um contexto mais amplo sobre as discussões icnológicas mundiais no Permocarbonífero, corroborando inclusive evidências de (re)colonizações em ambientes periglaciais e trazendo registros de organismos Tetrapoda para o local.

Palavras-chave


Paleoambientes glaciais; Icnotaxonomia; Coprólitos de Vertebrados; Colonização de ambientes;