Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, [UFSCar Sorocaba] XXV CIC e X CIDTI - 2018

Tamanho da fonte: 
DIVERSIDADE BETA DE PEIXES DE RIACHOS EM DIFERENTES CONDIÇÕES AMBIENTAIS
Ana Clara Barbosa, Mauricio Cetra

Última alteração: 2018-11-06

Resumo


A ação antrópica geralmente reduz a extensão e qualidade dos ambientes naturais, tais interferências causam grandes impactos na fauna e flora locais. Fatores como assoreamento, eutrofização e introdução de espécies contribuem para a redução da biodiversidade em sistemas aquáticos continentais brasileiros. Estes e outros impactos decorrentes da ação humana têm deteriorado a qualidade ambiental de bacias hidrográficas brasileiras. Tais efeitos sobre o meio levam à perda de diversidade biológica, o que torna necessária a realização de estudos que avaliem a situação das espécies presentes nos riachos, fazendo uso da biota aquática para obter respostas sobre a recente alteração das condições ambientais, baseando-se nas respostas que os organismos dão aos estímulos do meio. Uma forma de adquirir tais respostas é avaliar a diversidade de espécies. O presente estudo buscou testar a hipótese de que existe maior diversidade beta de espécies de peixes em riachos inseridos em áreas rurais quando comparada com a diversidade de riachos em áreas urbanas.

Foram coletados peixes em 19 trechos de riachos de região rural e 26 trechos de riachos na região urbana da cidade de Sorocaba.

A maior parte das medidas de diversidade beta indicaram que a assembleia de peixes encontrada no ambiente rural apresenta maior diferenciação média na composição de espécies quando comparada à assembleia capturada em riachos do meio urbano. O índice de similaridade de Jaccard indicou que ambas as assembleias apresentam poucas espécies exclusivas e o ambiente urbano possui maior diversidade beta que o rural. Com relação ao índice quantitativo de Sorensen, pôde-se verificar que poucos locais compartilham as mesmas espécies. O índice de Morisita-Horn indicou que dentro de cada assembleia, quando os pontos de amostragem são comparados par a par, cada espécie contribui de forma significativamente diferente para a diversidade espacial.

No componente α da partição da diversidade, os índices de diversidade mostraram o mesmo padrão de diminuição quando se calcula o número efetivo de espécies (S > H’ > 1/D) para os dois tipos de ambiente. O número efetivo de espécies médio sem levar em consideração a abundância e utilizando os dados de abundância foram maiores nos riachos rurais. Por outro lado, utilizando a abundância das mais dominantes o número efetivo de espécies médio dos riachos urbanos foi maior indicando mais uma vez que a dominância nos riachos urbanos foi menor. No componente β da partição da diversidade, a diversidade β para os dois ambientes contém cerca de 7 comunidades efetivas, ou seja, as comunidades são cerca de 7 vezes distintas uma das outras com igual abundância para todas as espécies. Por outro lado, se considerarmos somente as espécies dominantes os riachos rurais apresentam valores maiores de comunidades distintas implicando em um maior efeito espacial nestas comunidades.

Conclui-se que o impacto da ação antrópica relacionado com a urbanização diminuiu a qualidade do meio e, consequentemente, diminuiu a diversidade biológica, pois verificamos maior diversidade beta de espécies de peixes em riachos inseridos em áreas rurais quando comparada com a diversidade de riachos em áreas urbanas.


Palavras-chave


Comunidade biológica

Referências


AGOSTINHO, A. A.; S. M. THOMAZ; L. C. GOMES. 2005. Conservação da biodiversidade em águas continentais do Brasil. Megadiversidade, v.1, n.1, p.70-78.

ARAÚJO, N.B.; TEJERINA-GARRO, F.L. Influence of environmental variables and anthropogenic perturbations on stream fish assemblages, Upper Paraná River, Central Brazil. Neotropical Ichthyology, v.7, n.1, p.31-38. 2009.

BUSS, D. F; OLIVEIRA, R. B.; BAPTISTA, D. F. Monitoramento biológico de ecossistemas aquáticos continentais. Oecologia brasiliensis, v.12, n.3, p. 339-345. 2008. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/2882810.pdf> Acesso em: 16 Mar. 2017.

CALLISTO, Marcos et al. Aplicação de um protocolo de avaliação rápida da diversidade de habitats em atividades de ensino e pesquisa (MG-RJ). Acta LimnologicaBrasiliensia, Rio Claro, v. 14, n. 1, p.91-98, jan./mar. 2002. Trimestral. Disponível em: <http://ablimno.org.br/acta/pdf/acta_limnologica_contents1401E_files/Artigo 10_14(1).pdf>. Acesso em: 16 mar. 2017.

CHRISTIANINI, A.V.; GALETTO, L.; GARIBALDI, L.A.; CETRA, M.. Ecologia aplicada à conservação. In: Piratelli, A.J.; Francisco, M. R.. Conservação da Biodiversidade: dos conceitos às ações. 1. ed. Rio de Janeiro: Technical Books Editora; 2013. 41-67.

FREESTONE, A. L. & B. D. Inouye, 2006. Dispersal limitation and environmental heterogeneity shape scale-dependent diversity patterns in plant communities. Ecology, 87: 2425-2432.

Instituto Geográfico e Cartográfico (2014). Mapa das unidades hidrográficas de gerenciamento de recursos hídricos do Estado de São Paulo. Disponível em http://www.igc.sp.gov.br/produtos/ugrhi.html. Acesso em 15 de mar. de 2017.

JOST, L., 2007. Partitioning diversity into independent alpha and betacomponents. Ecology, 88: 2427-2439.

LANGEANI, Francisco et al. Diversidade da ictiofauna do Alto Rio Paraná: composição atual e perspectivas futuras. Biota Neotrop.,  Campinas ,  v. 7, n. 3, p. 181-197,    2007 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-06032007000300020&lng=pt&nrm=iso>. Acessoem  27  mar.  2017.  http://dx.doi.org/10.1590/S1676-06032007000300020.

MAGURRAN, A. E. Measuring biological diversity. Oxford, Blackwell Science, 256p. 2004.

Oksanen, J. et al. vegan: Community Ecology Package. R package version 2.4-6. 2018. https://CRAN.R-project.org/package=vegan

Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. Disponível em http://www.sigrh.sp.gov.br/cbhsmt/apresentacao. Acesso em 15 de mar. de 2017.

Suurkuukka, H., K. K. Meissner& T. Muotka, 2012. Species turnover in lake littorals: spatial and temporal variation of benthic macroinvertebrate diversity and community composition. Diversity and Distributions, 18: 931-941.

TESHIMA, F. A. et al. High β-diversity maintains regional diversity in Brazilian tropical coastal stream fish assemblages. Fisheries Management And Ecology, [s.l.], v. 23, n. 6, p.531-539, 24 out. 2016. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1111/fme.12194.

R Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. 2017. URL: https://www.R-project.org/.

Wickham, H., Bryan, J.. readxl: Read Excel Files. R package version 1.0.0. 2017. https://CRAN.R-project.org/package=readxl.