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Literatura digital brasileira: remidiação e especificidades
Taciana Gava Menezes, Rejane Cristina Rocha

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Este estudo objetiva analisar o processo de transposição de poemas impressos para o meio digital, realizado pelo poeta concreto Augusto de Campos, e, a partir da análise, compreender as alterações estéticas daí decorrentes à luz do conceito de remidiação (BOLTER; GRUSIN, 2000). Quando surge o contexto digital, as potencialidades dos textos, antes impressos, são transcodificadas para outro suporte (MANOVICH, 2001), agregando aos poemas concretos outros sentidos e trazendo para a história da literatura digital brasileira a configuração estética do movimento Concretista. A discussão teórico-crítica deste estudo conta com três eixos: 1. Poesia concreta: Aguilar (2005), Campos, A., Pignatari e Campos, H. (2006); 2. A convergência entre as novas mídias e as artes: Debray (1993), Lévy (2008) e Santaella (2003, 2005, 2018); e 3. Literatura digital: Bolter e Grusin (2000), Gainza (2012, 2016, 2017), Hayles (2008), Kozak (2015a, 2015b) e Rocha (2014, 2016, 2020). Os dados dos mapeamentos das obras digitais, realizados no âmbito do Projeto (CNPq) “Repositório da Literatura Digital Brasileira”, nos mostram que a poesia de Augusto de Campos aparece em grande escala e o protagonismo nestes dados sugere o delineamento de uma “pré-história” da literatura digital brasileira, construída pelo processo de refinamento de técnicas e procedimentos poéticos que o movimento Concretista sempre se propôs a realizar. Este projeto de pesquisa se insere nas discussões desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa (CNPq) “Observatório da Literatura Digital Brasileira”.

Palavras-chave


literatura digital, poesia concreta, novas mídias, literatura contemporânea.

Referências


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