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A medida da saúde coletiva como instrumento de planejamento e gestão: Construindo um observatório do cuidado em saúde
Danilo Nogueira Evangelista, Geovani Gurgel Aciole

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Introdução:

A elaboração de um perfil do estado sanitário, que leve a uma avalição de saúde, tem como função o apoio na análise e ação prática da gestão em saúde (ROUQUAYROL; FILHO, 2003). Por meio dessa ferramenta pode-se basear políticas públicas de intervenção, aprimorar ações instaladas, e contribuir teoricamente com a formação do conhecimento (CONTRANDRIOPOULOS et al., 1997).

Objetivo:

O objetivo é a construção de um observatório do cuidado em saúde, para auxiliar na estratégia de análise, servindo de apoio à gestão de saúde.

Metodologia:

Estudo ecológico descritivo com dados secundários, referente ao DRS III (2009-2019). Os indicadores escolhidos foram: mortalidade; casos de HIV, sífilis congênita, Tuberculose pulmonar bacilífera, Hanseníase; proporção de leitos SUS/1.000 hab. e cobertura da Estratégia de Saúde da família - ESF (extraídos da página: http:// datasus.saude.gov.br). Os valores referentes a população e taxa natalidade, foram retirados da Fundação SEADE (https://www.seade.gov.br/).

Resultados:

Observa-se uma mudança significativa da idade média da população do DRS III quando observado a pirâmide etária no período considerado; de 25 a 29 anos em 2011 (N=927.198) para 30 a 34 anos em 2019 (N=984.884). A projeção para o ano de 2050 indica uma prevalência da faixa dos 75 anos. Nesse período, há um aumento da proporção de idosos de ~21,9%.

As causas de óbitos mais comuns são: doenças do aparelho circulatório, neoplasias e doenças do aparelho respiratório (N=74.899). Dentre as causas externas, acidentes de trânsito, homicídios e suicídios são as mais presentes (N=5.810). Considerando as faixas etárias da mortalidade infantil (TMI) há uma prevalência da neonatal precoce (0-6 dias); e a TMI geral apresenta um decréscimo de variação percentual (22,6%).

Os casos de tuberculose pulmonar bacilífera -TB (N=1.041), em de 2009-2018 obteve uma variação percentual positiva de 39,6%. É apresentado um decréscimo dos casos de hanseníase e óbitos por HIV (N=371, N=181 e variação negativa de ~73% e ~43%, respectivamente, ambos valores). Em relação a sífilis congênita (< de 1 ano, N=473), o período obteve variação percentual positiva (32,4%).

A cobertura da ESF apresentou variação percentual positiva (2009 e 2019), aumento de ~64,8%; de 25,63% para 42,08%, respectivamente. A proporção de leitos SUS/1.000 hab. apresentou variação percentual negativa (1,37 em 2009, para 1,05 em 2019).

Conclusões:

Conclui-se que há uma alteração do perfil demográfico do DRS III que acompanha a transição brasileira (envelhecimento) (MARLI, 2019) sugerindo uma relação com a presença das consideradas DCNT (doenças crônicas não transmissíveis) como causa de óbitos (MALTA et al., 2019). Há também o destaque para a mortalidade infantil na faixa neonatal precoce, o que sugere uma proximidade com causas consideradas evitáveis (VICTORA et al., 2020). Dentre as doenças transmissíveis há uma maior presença da TB e da sífilis congênita. Em relação a cobertura da ESF, seu acréscimo demonstrado é fundamental para o avanço da atenção primária. A proporção de leitos SUS apresentou uma redução, o que pode ser relacionada a vários motivos, tal como, uma maior migração da rede suplementar (AMIB, 2020).


Palavras-chave


saúde pública, epidemiologia, saúde coletiva, indicadores de saúde

Referências


AMIB, A. brasileira de medicina intensiva. AMIB apresenta dados atualizados sobre leitos de UTI no Brasil. . [S.l: s.n.]. Disponível em: <https://www.amib.org.br/fileadmin/user_upload/amib/2020/abril/28/dados_uti_amib.pdf>. , 2020

CONTRANDRIOPOULOS, A.-P. et al. Avaliacao em Saúde: dos modelos conceituais à prática na análise de implantação de programas. Rio de janeiro: [s.n.], 1997. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/3zcft/pdf/hartz-9788575414033-04.pdf>.

MALTA, D. C. et al. Probability of premature death for chronic non-communicable diseases, Brazil and Regions, projections to 2025. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 22, 2019.

MARLI, C. P. M. Viver bem e cada vez mais. Retratos. A Revista do IBGE, p. 20, 2019.

ROUQUAYROL, M. Z.; FILHO, N. de A. Epidemiologia e Saúde. 6a ed. Rio de janeiro: MEDSI, 2003.

VICTORA, J. D. et al. Prevalence, mortality and risk factors associated with very low birth weight preterm infants: an analysis of 33 years. Jornal de Pediatria (Versão em Português), v. 96, n. 3, p. 327–332, 2020.