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Avaliação temporal da cobertura de vegetação nativa do município de Buri-SP para os anos de 2008 e 2018 e cenário futuro com as áreas de preservação permanentes restauradas.
Dheosmani Sandro Marmo dos Santos Pereira, Paulo Guilherme Molin

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


A agropecuária e a silvicultura são atividades econômicas frequentemente encontradas no estado de São Paulo, devida à elevada necessidade de alimentos e obtenção de matéria prima provindas destas. Consequentemente, tem-se a preocupação com as áreas ocupadas por estas, uma vez que áreas de cobertura vegetal nativa são as mais perturbadas e reduzem-se devido ao desmatamento, deixando novas regiões disponíveis. Por estar localizado em uma região de poder agropecuário e madeireiro, o município de Buri está sujeito a sofrer supressões de vegetação nativa por estas atividades, inclusive as áreas de preservação permanente (APPs), necessitando-se de análises multitemporais, obtendo-se um panorama das modificações dos últimos anos, identificando-se possíveis irregularidades. Além disso, têm-se a importância do Cadastro Ambiental Rural (CAR), responsável pelo controle e monitoramento da vegetação nativa nas propriedades rurais, no qual pode influenciar diretamente o estado no qual a vegetação se encontra, juntamente com as suas consequências e medidas de controle. Assim, objetivou-se neste trabalho identificar as transições de uso do solo ocorridas no período de 2008 à 2018 no município através de matrizes de transição, avaliando-se e comparando-se ambientalmente os fragmentos florestais de cenários passado, presente e futuro, juntamente com a situação da regularização das APPs nas propriedades rurais do município inscritas ou não no CAR, que foram delimitadas de acordo com a Lei n° 1251 (LPVN) e nas orientações do próprio CAR, utilizando-se de ferramentas de análise de paisagem e edição de feições em sistemas de informação geográfica (SIG). Observou-se cenários favoráveis na cobertura vegetal nativa do município, onde houve um aumento de 8,2% destas nos últimos anos, decorrentes da possível regeneração ou projetos de reflorestamento ocorridas no período. Também observou-se redução nas áreas de pecuária (47,2%), porém um aumento nas áreas de silvicultura (22,5%) e agricultura (55,5%). Nas APPs, aumentou-se a cobertura de vegetação nativa (9,3%), e diminuiu-se o uso de pastagem (44,8%), sendo dinâmicas de uso favoráveis ambientalmente. Nestas áreas também elevou-se os usos de silvicultura (47,6%) e agricultura (131,8%), necessitando-se de uma maior atenção nestes usos futuramente.  Em relação a regularidade das APPs, observou-se que no ano de 2008 cerca de 50,1% encontravam-se irregulares, já no ano de 2018 tal porcentagem reduziu-se para 45,4%, o que reforça a ideia de melhora com relação à situação destas áreas. Através dos resultados obtidos, e das ponderações feitas, pode-se concluir que o melhor cenário ambientalmente é o cenário futurístico, considerando toda a APP regular e dando condições possíveis para uma melhor proteção e preservação da biodiversidade. Cabe ressaltar que este cenário é idealizado, e só pode se tornar realidade caso haja um intenso monitoramento e ações de preservação e reflorestamento por parte das propriedades rurais durante alguns anos ou até mesmo décadas. Além disso, uma vez que ao final de 2020 os benefícios oferecidos pelo CAR acabaram, as propriedades que realizarão o cadastro a partir de 2021 terão de encontrar outras formas de obtenção de crédito rural e recursos para a restauração florestal requerida, o que poderá atrasar ainda mais o alcance do cenário ideal.


Palavras-chave


Geoprocessamento, Planejamento Ambiental, Diagnóstico Ambiental