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CORRELAÇÃO ENTRE FUNÇÕES MOTORAS E O AUTOCUIDADO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM PARALISIA CEREBRAL
Mariana Grecco Faro, Thamires Máximo Neves Felice, Luzia Iara Pfeifer

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Introdução: A Paralisia Cerebral (PC) é descrita como um grupo de distúrbios permanentes, mas não imutáveis, do movimento e/ou postura e da função motora, decorrente de uma interferência não progressiva, lesão ou anormalidade do cérebro em desenvolvimento1. Alterações das funções motoras podem influenciar o desempenho funcional e ocasionar dificuldades nas atividades cotidianas, prejudicando rotinas e qualidade de vida de crianças com PC2. Objetivos: Este estudo tem por objetivo analisar a correlação entre a função motora grossa e manual e o autocuidado de crianças com PC. Métodos e Procedimentos: Estudo transversal, não experimental, de análise quantitativa. Amostra de conveniência de 31 crianças e adolescentes com PC em tratamento nos serviços de reabilitação da cidade de Ribeirão Preto- SP. Os participantes foram classificados quanto à função motora grossa pelo Gross Motor Function Classification System Expanded and Revised (GMFCS E&R)3 e função manual pelo Manual Ability Classification System (MACS)4 e avaliados quanto ao autocuidado pelo Childhood Health Assessment Questionnaire (CHAQ)5. Resultados: A maioria dos participantes é do sexo masculino (71%), nível V do GMFCS E&R (42%) e nível I do MACS (35,5%). As crianças participantes, entre 1 a 3 anos somam 29%, crianças entre 4 a 6 anos somam 29%, crianças entre 7 a 11 anos somam 23% e adolescentes entre 12 a 15 anos somam 19%. Com relação ao CHAQ, foi possível observar uma grande diversidade entre os participantes quanto ao desempenho no autocuidado, isto é, nenhuma criança ou adolescente obteve dependência ou independência máxima nas atividades. Verificou-se correlações entre desempenho de autocuidado com as funções motoras grossas (r = 0,70; p=0,00) e funções manuais (r = 0,42; p=0,017), ou seja, quanto mais grave o nível motor, maior o escore do CHAQ, isto é, maior a dependência no autocuidado da criança ou adolescente. As atividades de autocuidado tiveram interações significativas entre si, por exemplo, andar influencia a execução de uma tarefa. A função motora grossa apresenta correlações com as atividades levantar-se (r = 0,74; p=0,00), higiene (r = 0,40; p=0,03), andar (r = 0,76; p=0,00) e executar tarefas (r = 0,40; p=0,03). A função manual apresenta correlações positivas com a alimentação (r = 0,56; p=0,002) e o estudar (r = 0,46; p=0,009). Conclusões: Foi possível observar que o autocuidado de crianças e adolescentes com PC é influenciado pelas funções motoras e manuais. Além disso, foi possível constatar que uma atividade tem a capacidade de influenciar o desempenho de outra.


Palavras-chave


Paralisia Cerebral; Criança; Autocuidado; funções motoras

Referências


1 Rosenbaum, P. et al. A report. The definition and classification of cerebral palsy. Dev Med Child Neurol, 2007. 49(6):109.

 

2 Camargos, A. C. R. et al. Relação entre independência funcional e qualidade de vida na paralisia cerebral. Fisioter Mov, 2012;25(1):83-92.

 

3 Palisano, R. K. et al. Development and reliability of a system to classify gross motor function in children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol, 1997. 39(10):214-223.

 

4 Eliasson, A. C. et al. The Manual Ability Classification System (MACS) for children with cerebral palsy: scale development and evidence of validity and reliability. Dev Med Child Neurol, 2006. 48(7):549-554.

 

5 Morales, N. M. Qualidade de vida em crianças e adolescentes com paralisia cerebral: validação do instrumento especifico – Child Health Assessment Questionnaire (CHAQ). Tese (Doutorado em Neurologia Clínica) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.