Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
Entre tecnologias e mercado - as disputas em torno conceito de Cidade Inteligente
Maria Eugênia Conceição Soares de Camargo, Karina Gomes Assis

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Esse trabalho tem como base o projeto intitulado “Entre tecnologias e mercado- O cidadão na cidade inteligente” o qual tem por objetivo compreender o lugar do “cidadão inteligente” nas cidades a partir dos projetos desenvolvidos nesta temática. Partindo do pressuposto que os projetos de Cidades Inteligentes disseminam sobre a necessidade de um cidadão inteligente, o presente projeto vem analisando como o conceito de “cidade inteligente” se constrói e os agentes por trás desse processo. A questão da conceitualização tem destaque nos diversos artigos, documentos e teses analisados até o momento, o que expressa a disputa entre prefeituras, empresas e academia na delimitação do que de fato se enquadra como Smart City (Cidade Inteligente), e assim quem são os indivíduos que correspondem ao perfil de “cidadão inteligente”.

Esclarecer a questão dos indivíduos como supostos principais atores para o empreendimento das Cidades Inteligentes,  é um desafio, uma vez que o conceito ainda não é bem delineado e muda de ênfase dependendo do interlocutor. Assim, nesse primeiro momento da pesquisa, o foco tem sido investigar como esse debate tem se desenvolvido e como são explorados os segmentos de atuação das iniciativas tecnológicas promovidas pelo ideal de Smart Cities, são elas: alcance internacional, capital humano, coesão social, economia, governança, meio ambiente, mobilidade e transporte, planejamento urbano e tecnologia.

Além do nível conceitual, trata-se de uma disputa política travada entre os diferentes agentes interessados em dominar o assunto.  Por um lado, o nicho empresarial preza por uma narrativa fetichista sobre a tecnologia ( FREITAS, J. apud. Kaika e Swyngedouw (2000), prometendo a resolução eficiente de todos os impasses urbanos através da tecnologia. Por outra perspectiva, tem se desenvolvido um debate crítico na academia quanto aos indicadores de cidade inteligente, as ações promovidas por esses projetos e como problemas estruturais urbanos são diminuídos perante o discurso de hegemonia tecnológica para a resolução desses impasses(VANOLO, 2014). Essas questões mostram como esse conceito “frágil” pode ser moldado de acordo com os interesses do interlocutor (TAMBELLI, 2018).  Ademais, a competitividade entre cidades tem sido fomentada nos últimos anos pelo desenvolvimento assíduo de rankings e índices, que intitula cidades como inteligentes ou não, baseando-se em determinados critérios.

Assim, através do levantamento bibliográfico sobre Cidades Inteligentes, a partir de artigos, teses sobre o assunto e dos aportes teóricos da Sociologia Econômica, analisamos o conceito em disputa de Cidade Inteligente, a partir de uma comparação sobre as diferentes conceituações e demonstrando a polissemia desse conceito, o qual torna-se instrumento de legitimação de seu interlocutor.

Temos como primeiras conclusões o fato de que o conceito trata-se de um termo em disputa, que envolve, para além da sua conceitualização técnica, disputas políticas e culturais a respeito de como deve ser uma cidade inteligente. O que evidencia as linhas de poder e conflito que envolvem o tema.


Palavras-chave


Cidades Inteligentes, conceito, polissemia

Referências


FLIGSTEIN, Neil. Habilidade social e a teoria dos campos. Rev. adm. empres. [online]. 2007, vol.47, n.2, pp.61-80. ISSN 0034-7590.

FREITAS, João Alcântara de. A invenção da cidade inteligente Rio: uma análise do Centro de Operações Rio pela lente das mobilidades (2010-2016). Tese (doutorado) – Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas, Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais. Rio de Janeiro. p. 209 . 2018.

TAMBELLI, N. C. Smart Cities: uma breve investigação crítica sobre os limites de uma narrativa contemporânea sobre cidades e tecnologia. Disponível em: https://itsrio.org/wp-content/uploads/2018/03/clarice_tambelli_smartcity.pdf .Instituto de tecnologia e sociedade

VANOLO, A. Smartmentality: The Smart City as Disciplinary Strategy. Urban Studies, Vol 51, Issue 5, 2013, pp. 883 - 898.