Última alteração: 2021-03-18
Resumo
A pesquisa analisou as imagens de paleontologia e paleontólogo em dois filmes americanos que tiveram circulação no Brasil, a saber: Jurassic Park e Bringing up baby. Este último foi produzido na década de 60, enquanto o primeiro, na década de 90 do século XX. Nosso objetivo foi analisar as diferenças e similaridades no modo como ambos os filmes representam, no plano do imaginário, a paleontologia e o paleontólogo e compreender seus possíveis efeitos de sentido. Para isso, ancoramo-nos no aparato teórico-metodológico da Análise de Discurso de cunho materialista, mobilizando noções teóricas como imaginário, texto e discurso, entre outras. Neste trabalho, concebemos o filme como unidade de significação que produz efeitos de sentido a partir de um contexto sócio-histórico e ideológico determinado, isto é, o filme tem uma espessura material passível de ser compreendida e analisada. Como resultado, pudemos compreender que, no plano do imaginário, a Paleontologia é representada diferentemente em ambos os filmes. Enquanto em Bringing up baby a Paleontologia comparece como uma área pertencente hegemonicamente ao gênero masculino, sendo este representado por um cientista atrapalhado e ingênuo, por sua vez, em Jurassic Park, ela é significada como lugar de grande aventura, com direito à adrenalina e emoção várias, sem contar com o fato de que ela é conduzida por um paleontólogo e uma paleontóloga descolados, corajosos, amorosos e sensíveis. Em Bringing up baby, a imagem da Paleontologia é comprometida em virtude do protagonista caracterizado como sujeito atrapalhado, frouxo e pouco confiável, já em Jurassic Park, a Paleontologia está ligada a sentidos vinculados à ideia de preservação e manutenção da vida, enquanto a figura do paleontólogo está ligada ao maternal/paternal. Concluímos que os filmes tendem a veicular certos discursos e a corroborar certos estereótipos sociais e de gênero, como é o caso, só para citar um exemplo, da representação da paleontóloga Ellie no lugar do materno e da amorosidade, e de Grant, no lugar da coragem e da valentia, sentidos reservados historicamente para significar o gênero masculino.
Palavras-chave
Referências
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