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INVESTIGAÇÃO DA LGBTFOBIA NO ENSINO MÉDIO: UMA PERSPECTIVA SOBRE O BULLYING
Sylvia Iasulaitis, João Oliveira

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Introdução

A LGBTfobia, que se constitui como aversão, repulsa, ódio e inferiorização de sujeitos não normativos no que tange ao gênero e à sexualidade, se faz presente em várias nuances na vida dos dissidentes de gênero. Neste trabalho, visamos avaliar se e como a LGBTfobia e o bullying incidem no ambiente escolar entre adolescentes.


Objetivo

No presente estudo, pretendemos alcançar os seguintes objetivos, por meio de análises de questionários de percepção e da bibliografia temática: 1) observar a ocorrência de situações de bullying e violência LGBTfóbico(a) em escolas de Ensino Médio do município de São Carlos-SP; 2) compreender quais variáveis mais explicam os preconceitos, e em que medida a associação de marcadores sociais aumenta a condição de violência e vulnerabilidade do indivíduo; 3) observar dentre as variáveis trabalhadas e revelar quais indicadores sociais são mais relevantes para explicar os preconceitos; 4)  compreender o que leva estudantes de ensino médio à prática da violência de gênero, por meio de uma análise de percepções e  5) observar o comportamento do corpo docente e direção escolar em situações de bullying, xingamentos e apelidações.


Metodologia

Para alcançar os objetivos, foram utilizados dados primários de um questionário semiestruturado que foi desenvolvido em projeto de extensão da Universidade Federal de São Carlos coordenado por Iasulaitis (2017). O questionário é dividido em duas partes fundamentais: a primeira parte busca levantar dados como a identificação pessoal do respondente, sua composição familiar, sua familiaridade com tecnologias digitais, seus apontamentos sobre bullying e sobre o ambiente escolar. A segunda parte é baseada em um questionário de percepção, que visa a captação de percepções político-sociais, trazendo temas sociais muito latentes, transfigurados em frases do senso comum. O respondente deveria se classificar em um grau de concordância ou discordância em relação às frases.

Resultados

No que tange aos resultados sobre bullying e o ambiente escolar, percebemos dois fenômenos muito coerentes: a (re)distribuição da violência e o ciclo vicioso da prática LGBTfobica. Em relação às variáveis mais explicativas de bullying e preconceito, observamos três: “gordofobia”, a “homotransfobia” e o “racismo”. Em relação à análise de percepção, observamos porcentagens baixas de estudantes que se colocam a favor das concepções do senso comum, como “ser homossexual é pecado”, “está na moda ser homossexual” e “bissexuais são indecisos”.


Conclusões

Com o término da pesquisa, concluímos que a (re)distribuição da violência é um fenômeno latente, o ciclo vicioso da prática LGBTfobica acontece dentro das instituições escolares, e como agravante incide o bullying motivado por diversas formas de orientação sexual. Os dados demonstram que tais práticas ocorrem, na maioria das vezes, de forma velada. Assim, alunos vistos por outros como “mais frágeis” são tidos como objetos de diversão e chacota, com o propósito de humilhar, maltratar e amedrontar as vítimas, referendando os dados de Vencato (2014) e Miskolci (2012).