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Atividade antimicrobiana do óleo essencial de tangerina sobre microrganismos da fermentação etanólica
Bianca Novaes da Silva, Sandra Regina Ceccato-Antonini, Ligiane Din Shirahigue, Fernando Alves de Azevedo

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


A grande incidência de microrganismos resistentes a antibióticos e fungicidas torna urgente a necessidade do desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos. Os óleos essenciais têm sido largamente investigados nesta área se apresentando de forma promissora. Além de apresentarem atividade antimicrobiana, também são resíduos industriais, e são menos nocivos ao meio ambiente e à saúde humana, e, devido à sua composição diversa, apresentam uma menor chance dos microrganismos se tornarem resistentes ao óleo. O setor sucroalcooleiro apresenta notoriedade na indústria brasileira e atualmente utiliza de antibióticos e ácidos para o controle antimicrobiano. Assim como ele, a indústria de citricultura também é evidente no Brasil, principalmente na região sudeste. Assim, é interessante que a atividade antimicrobiana dos óleos essenciais residuais da produção de sucos cítricos seja avaliada no controle de contaminantes da indústria sucroalcooleira. Desta forma, a pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito antimicrobiano da tangerina (Citrus reticulata) porta enxertada em limão cravo na Saccharomyces cereviseae e nos contaminantes Dekkera bruxelensis, Lactobacillus plantarum e Lactobacillus fermentum. Para tal, o óleo foi extraído por hidrodestilação e caracterizado por GC-MS. Técnicas reconhecidas foram utilizadas para a análise antimicrobiana, como microdiluição, macrodiluição e difusão em disco. O óleo de tangerina apresentou teor significativamente superior de limoneno, sendo equivalente a 92,61% de todo o conteúdo, os outros dois componentes com maior representatividade no óleo foram linalool (2,38%) e mirceno (1,48%). A levedura de interesse no processo fermentativo S. cereviseae foi inibida de forma notória a partir de 1 mL/L em meio YPD, através do teste de difusão em disco foi observado que ela tem sua densidade microbiana decrescida em comparação com a ausência do óleo. A fim de assimilar de forma mais notória a condição no setor sucroalcooleiro, foi realizado um teste de macrodiluição com caldo de cana 4 Brix e a viabilidade da levedura foi observada. Foi possível revalidar o efeito a partir de concentrações de 2 mL/L, com queda na viabilidade celular em 10,39%. Com o passar do tempo, essa diferença de viabilidade se estabilizou, sugerindo uma situação de escape do óleo ou de resistência da levedura. A contaminante D. bruxellensis apresentou efeito similar, com inibição significativa a partir de 2 mL/L. Sua curva de crescimento indicou uma queda na concentração celular com relação ao aumento da concentração de óleo, porém, não houve influência na velocidade especifica de crescimento, tendo um aumento na fase lag. Com relação ao teste de difusão, a mesma queda de concentração celular foi observada, entretanto, assim como para S. cereviseae, o halo verdadeiro só foi observado na concentração de 1000mL/L. Com relação às Lactobacillus, nenhuma foi significativamente inibida pelo óleo. Conclui-se, portanto, que a utilização do óleo essencial de tangerina não apresentou uma inibição antimicrobiana interessante para o setor sucroalcooleiro, uma vez que inibiu ambas as leveduras, inclusive a de interesse para o setor e não teve efeito em ambas as bactérias lácticas.


Palavras-chave


Óleo essencial, antimicrobiano, fermentação, Saccharomyceae.