Última alteração: 2021-03-18
Resumo
Introdução: A prescrição de exercícios físicos para dor crônica no joelho está cada vez mais presente como forma de tratamento[1], porém, o acesso a serviços de fisioterapia ainda é limitado para muitos[2]. A telerreabilitação, utilização de serviços de telecomunicações para fornecer reabilitação, é uma estratégia eficaz e econômica para este grupo de pacientes em países desenvolvidos[3], porém, seu uso permanece pouco explorado no país. Portanto, ao investigar novos modelos de prestação de serviço, é importante considerar as atitudes e experiências dos usuários, principalmente relacionadas a aceitabilidade do serviço.[4]
Objetivo: Comparar a aceitabilidade do protocolo de exercícios à distância e autopercepção de melhora, com associação ou não da telerreabilitação, em pacientes com dor crônica no joelho no Brasil.
Metodologia: O presente estudo apresenta um desenho de ensaio clínico randomizado controlado. Foram selecionados 15 participantes com dor crônica no joelho, com idade ≥45 anos, divididos aleatoriamente em dois grupos: grupo telerreabilitação (GT, n=8) e grupo controle (GC, n=7). Todos os participantes (GT e GC) foram submetidos a um protocolo de exercício de força de 12-semanas, realizados a distância de maneira assíncrona por, no mínimo, 3 vezes por semana. O GT recebeu o protocolo de exercícios por meio de DVD e/ou cartilha e foi acompanhado por ligações telefônicas periódicas, a fim de motivar e informar aspectos sobre dor crônica no joelho. Já o GC recebeu o protocolo de exercícios apenas por cartilha e não foi acompanhado via telefonemas. Após os 3 meses de intervenção, todos os participantes responderam um questionário de Aderência ao Tratamento e Autopercepção de melhora elaborado pelo nosso grupo de pesquisa. A Aderência foi avaliada considerando o número de chamadas recebidas e o número de sessões por semana que o paciente disse ter realizado os exercícios. Esse subitem também continha a seguinte pergunta “você realizou o programa de exercícios?”. A resposta era dada em uma escala numérica de 10 cm, em que 0 equivale a “não” e 10 a “completamente como foi instruído” e o voluntário foi instruído a fazer uma marcação próxima ao número que mais correspondia a sua resposta. Já para analisar autopercepção, os voluntários responderam quais foram as mudanças percebidas em relação a dor após a realização do protocolo de exercícios. Para esse subitem foi utilizada uma escala numérica de 7 pontos, onde 0 referia-se a “muito pior” e 7 a “muito melhor”. Para a comparação entre os grupos, foi utilizado o teste t independente e para todas as análises foi adotado um nível de significância de 5% (p≤0,05).
Resultados: Não houve diferença entre os grupos para as variáveis demográficas e de interesse. Foi possível observar que ambos os grupos apresentaram boa aderência ao protocolo de exercícios (GT=7,9±2,7; GC=7±2,3), bem como um elevado grau de autopercepção de melhora na dor (GT=6,2±1,1; GT=5±1,3) após a realização do protocolo de exercícios.
Conclusão: A realização de exercícios a distância, associada ou não à telerreabilitação apresentou um alto grau de aceitabilidade, já que todos os participantes apresentaram uma boa aderência e uma boa autopercepção de melhora da dor.
Palavras-chave
Referências
[1] FRANSEN, M. et al. Exercise for osteoarthritis of the knee: A Cochrane systematic review. British Journal of Sports Medicine, vol.49, no.24, p.1554–1557, 2015.
[2] HINMAN, R. S.et al. Telepohone-Delivered exercise advice and behavior change support by physical therapists for people with knee osteoarthritis: Protocol for the telecare randomized controlled trial. Physical Therapy. v.97, n.5, p.524-536, 2017
[3] TOUSIGNANT, M. et al. In-home Telerehabilitation for Older Persons with Chronic Obstructive Pulmonary Disease: A Pilot Study. International Journal of Telerehabilitation, v.4, n.1, p.15–24, 2012.
[4] PISTERS, M. et al. Exercise adherence improving long-term patient outcome in patients with osteoarthritis of the hip and/or knee. Arthritis Care and Research, v.62, n.8, p.1087–1094, 2010.