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FUNCIONALIDADE FAMILIAR E SOBRECARGA: UM ESTUDO COM CUIDADORES INFORMAIS DE IDOSOS
Marcos Soares de Arruda, Marcela Naiara Graciani Fumagale Macedo, Sônia Gonçalves da Mota, Tábatta Renata Pereira de Brito, Ariene Angelini dos Santos-Orlandi

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Introdução: Doenças crônicas não transmissíveis são comuns em idosos, os quais podem apresentar descompensações e serem hospitalizados. No Brasil, o cuidado ao idoso é culturalmente realizado por um membro familiar. Muitas vezes, esse familiar assume a responsabilidade pelo cuidado de maneira repentina, sem nenhum preparo prévio ou apoio de outras pessoas, o que pode resultar em intensa sobrecarga. Pesquisadores apontam que a intensa sobrecarga pode prejudicar a relação do cuidador com os demais membros familiares e assim prevalecer um contexto disfuncional.  Objetivo: analisar a relação entre funcionalidade familiar e sobrecarga de cuidadores informais de idosos hospitalizados. Método: Estudo transversal, quantitativo, realizado com 98 cuidadores informais de idosos hospitalizados em uma unidade de internação de um hospital de grande porte de São Carlos - SP. Foram utilizados os seguintes instrumentos: questionário para caracterização do cuidador e do contexto de cuidado; Inventário de Sobrecarga de Zarit; APGAR de Família. Foram realizadas análises descritivas e correlacionais (Correlação de Spearman). Adotou-se nível de significância de 5%. Todos os cuidados éticos foram observados e respeitados. Resultados: houve predomínio de cuidadores do sexo feminino (88,8%), com média de idade de 54,1±13,5 anos e de escolaridade de 7,9±4,3 anos, com companheiro (74,5%). Avaliaram a saúde como boa (40,8%), não praticavam atividade física (71,4%), possuíam multimorbidade (91,9%) e faziam uso de medicamentos (74,5%). Cuidavam do seu progenitor (45,4%) ou cônjuge (32,0%), há 51,6±84,3 meses, durante 16,2±7,7 horas por dia, sem treinamento prévio (81,6%). Quanto ao funcionamento familiar, a maioria dos cuidadores apresentou boa funcionalidade (59,8%), seguida de elevada disfunção (22,7%) e moderada disfunção familiar (17,5%). O escore médio obtido no APGAR de família foi de 13,0±5,9 pontos. Em relação à sobrecarga, 49,5% pontuaram para sobrecarga leve a moderada, seguida de 25,8% moderada a severa, 17,5% ausente e 7,2% sobrecarga intensa. A pontuação média obtida no Inventário de sobrecarga de Zarit foi 34,3±16,9 pontos. Houve correlação negativa, de moderada magnitude, entre funcionalidade familiar e sobrecarga (Rho= -0,57; p<0,001). Conclusão: quanto maior o escore de sobrecarga, menor o escore de funcionalidade familiar, ou seja, cuidadores com alta sobrecarga apresentaram pior funcionalidade familiar. Identificar precocemente a sobrecarga e a disfunção familiar se torna necessário, tendo em vista que ambas as condições podem prejudicar o cuidado ofertado e o bem-estar e a qualidade de vida tanto dos cuidadores quanto dos idosos receptores de cuidados. Nesse sentido, sugere-se o planejamento e a implementação de intervenções assertivas e individualizadas para minimizar o impacto negativo sobre a díade idoso/cuidador, amenizar a sobrecarga e favorecer relações familiares mais harmoniosas.

 

 

 


Palavras-chave


Cuidadores; Idoso; Relações Familiares; Esgotamento Psicológico; Enfermagem Geriátrica.