Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
Levantamento e diversidade de Chironomidae (Diptera) em dois córregos de baixa ordem no campus da Universidade Federal de São Carlos, através da coleta de exúvias de pupa
Isabella Aparecida Bertini, Lívia Maria Fusari

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Introdução: Diptera da família Chironomidae são importantes invertebrados da comunidade bentônica sendo capazes de colonizar diversos sistemas lênticos e lóticos sob as mais variadas condições ambientais. Os estágios de ovo, larva e pupa são restritos ao ambiente aquático, enquanto o estágio adulto é aéreo. Quando o adulto está completamente desenvolvido, realiza ecdise e emerge à superfície deixando a exúvia da pupa flutuando sob o leito da água. A coleta é adequada para uso em avaliações biológicas, pois contém muitas espécies diferentes, cada uma com suas próprias exigências ambientais. Além disso, ela é capaz de refletir todos os indivíduos imaturos que foram capazes de chegar à vida adulta com sucesso, além de também não interferir na teia alimentar local e não implicar em questões éticas, já que não há testes em animais vivos em laboratório.

Objetivo: Caracterização e comparação da diversidade e riqueza de Chironomidae (Diptera) através do exúvia de pupas, nos córregos do Fazzari e Espraiado, no campus da UFSCar em São Carlos, São Paulo.

Metodologia: As coletas foram realizadas em dois córregos localizados no campus da UFSCAR, em São Carlos – SP e fazem parte da bacia do Tietê. As coletas de exúvias foram realizadas no período de outubro/2019 a março/2020, de duas maneiras, com redes de deriva tipo Brundin e redes de mão (puçá). Os exemplares foram contabilizados de acordo com cada táxon e analisados de acordo com o índice de Shannon-Wiener (H’), equitabilidade de Pielou (J), riqueza de espécies (S), número de indivíduos (N), o coeficiente de similaridade de Jaccard (Cj) e porcentagem de similaridade (PSc).

Resultados: Foram coletadas e identificadas 436 exúvias, distribuídas em 17 táxons sendo 15 no córrego do Espraiado e 15 no córrego do Fazzari. O índice de similaridade de Jaccard aponta que os dois córregos possuem alta similaridade (Cj: 0,765). A precipitação durante o período da coleta foi um fator considerável. O que pode ser a causa da semelhança entre a participação de Chironominae e Orthocladiinae. A maior participação foi da subfamília Chironominae com 46,7% no Espraiado e 48,61% no Fazzari, embora a participação da subfamília Orthocladiinae tenha sido próxima com 45,7% e 37,12%, respectivamente. O Fazzari, rico em folhas, troncos e frutos sob a superfície da água, teve maior participação do gênero Corynoneura, que habita regiões de depósitos como essa. O gênero Tanytarsus, amplamente distribuído, teve grande participação tanto no Fazzari quanto no Espraiado. Já o gênero Lopescladius, conhecido por habitar regiões de solo arenoso e de grande regime de chuva, foi o mais encontrado no Espraiado.

Conclusões: Ambos os córregos possuem fauna e distribuição semelhantes, apresentando índices de diversidade semelhantes, possivelmente pelo fato de ambos os córregos estarem no Cerrado e pertencerem à mesma bacia hidrográfica.


Palavras-chave


insetos aquáticos, biodiversidade, exoesqueleto

Referências


ASHE P; MURRAY D. A.; REISS, F. 1987. The zoogeographical distribution of Chironomidae (Insecta: Diptera) . Annales Limnologie, 23 (1): 27-60.

BISPO, P.C. & L.G. OLIVEIRA, 1998. Distribuição espacial de insetos aquáticos (Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera) em córregos de Cerrado do Parque Ecológico de Goiânia, estado de Goiás . In: Nessimian J.L. & A.L. Carvalho (Eds). Ecologia de Insetos Aquáticos. Series Oecologia Brasiliensis, 5: 175-190.

BORKENT, A. 1984. The systematics and phylogeny of the Stenochironomus Complex (Xestochironomus, Harrisius and Stenochironomus ) (Diptera: Chironomidae). Memoirs of the Entomological Society of Canada, p.128: 269.

Catálogo Taxonômico da fauna do Brasil, CTFB , 2019. Disponível em < http://fauna.jbrj.gov.br/fauna/faunadobrasil/2 >. Acesso em: 10 Abr. 2019

COFFMAN, W. P. & L. C. FERRINGTON. 1996. An introduction to aquatic insects of North América. Chironomidae, p.635–754. In : R. W. Merrit & K. W. Cummins (eds.) . Kendall-Hunt, Duduque, Iowa, USA, p.862.

DORNFELD, C. B. & FONSECA-GESSNER, A. A., 2005. Fauna de Chironomidae (Diptera) associada à Salvia sp. e Myriophyllum sp. num reservatório do córrego do Espraiado, São Carlos, São Paulo, Brasil. Entomología y Vectores 12(2): 181-192 .

FERRINGTON, L. C. 2008. Global diversity of non-biting midges (Chironomidae; Insecta-Diptera) in freshwater. Freshwater Animal Diversity Assessment in Hydrobiology. Springer Science+Business Media B.V. p.447–455.

FERRINGTON JR., L. C.; BLACKWOOD, M. A.;CRISP, N. H. , KAVANAUGH, J. L.; SCHMIDT, F. J. 1991. A protocol for using surface-floating pupal exuviae of Chironomidae for rapid bioassessment of changing water quality. pp. 181-190 In Sediment and stream water quality in a changing environment: trends and explanation. Proc. Vienna Symposium. International Association of Hydrological Sciences Publ. No. 203

HARDWICK, R. A.; COOPER, P. D; CRANSTON, P. S; HUMPHREY C. L.; DOSTINE, P. L. 1995. Spatial and temporal distributions patterns of drifting pupal exuviae of Chironomidae (Diptera) in streams of tropical northern Australia . Freshwater Biology 34, p. 569-578.

HIGUTI, J. Composition, abundance and habitats of benthic chironomid larvae In: THOMAZ, S. M.; AGOSTINHO, A. A.; HAHN, N. S. (Ed.). The upper Paraná river and its floodplain: physical aspects, ecology and conservation. Leiden: Backhuys Publishers, 2004. p. 75-102.

HIGUTI, J. and TAKEDA, A. M.. Spatial and temporal variation in densities of chironomid larvae (Diptera) in two lagoons and two tributaries of the upper Paraná River floodplain , Brazil. Braz. J. Biol. [online]. 2002, vol.62, n.4b [cited 2020-10-07], pp.807-818

MAGURRAN, A. E. 1988. Ecological diversity and measurement. Princeton, Princeton University Press, 179 p.

OLIVEIRA, L. G; FROEHLICH, C. G., 1991. Estudo da fauna de trichoptera do córrego de pedregulho-pedregulho, sp, com especial referência a família hydropsychidae. 1991.Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

PINDER, L. C. V. & F. REISS. 1983. The larvae of Chironominae (Diptera: Chironomidae) of the Holarctic Region - Keys and diagnoses , p. 293-435. In: T. Wiederholm (ed.). Chironomidae of the Holarctic region - keys and diagnoses. Part - Larvae. Motala, Entomologica Scandinavica Supplement 19, 457 p

RUSE, L. P. 2000. A simple key to water quality based on chironomid pupal exuviae. In : O. Hoffrichter (ed.). Late 20 th Century Research on Chironomidae: an Anthology from 13 th International Symposium on Chironomidae. p. 405–413 Shaker Verlag, Germany, p. 661.

SANSEVERINO, A.M & J.L. NESSIMIAN. 2008. Larvas de Chironomidae (Diptera) em depósito de folhiço em um riacho de primeira ordem da Mata Atlântica (Rio de Janeiro, Brasil) in the field . Revista Brasileira de Entomologia, 52:95-104.

SIQUEIRA, T. & TRIVINHO-STRIXINO, S. 2005. Diversidade de Chironomidae (Diptera) em dois córregos de baixa ordem na região central do Estado de São Paulo, através da coleta de exúvias de pupa. Revista Brasileira de Entomologia 49(4). p.531-534.

VANNOTE, R. L.; G. W. MINSHALL; K. W. CUMMINS; J. R. SEDELLS & C. E. CUSHING. 1980. The river continuum concept. Cannadian Journal of Fish Aquatic Science 37: 130–137

WENTSEL R.; McINTOSH A.; McCAFFERTY,W. P. 1978 . Emergence of the midge chironomus tentans when exposed to heavy metal contaminated sediment. Hydrobiologia. vol. 57, 3, pag. 195-196.

WHITTAKER, R. H. & C. W. FAIRBANKS. 1958. A study of plankton and copepod communities in the Columbia basin, Southeastern Washington. Ecology 39: 46–56.

WIEDERHOLM, T. (ed.). 1986. Chironomidae of the Holartic region: Keys and diagnoses. Part 2. Pupae. Ent. Scand. Suppl., 28: p.299–456.

WILSON R. S.; BRIGHT P. L. 1973. The use of chironomid pupal exuviae for characterizing streams. Freshwat. Biol., v. 3, p. 283-302.

WILSON, R. S.; MCGILL, J. D.. 1979. The use of chironomid pupal exuviae for biological surveillance of water quality. Technical Memo Nº. 18, Department of the Environment London. 20 p.

ZAR, J. H. 1999. Biostatistical analysis . Prentice-Hall, Upper Saddle River, New Jersey. 662 p.