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APLICAÇÃO DE SENSORES MODIFICADOS PARA A DETERMINAÇÃO DE ESPÉCIES FARMACÊUTICAS: REVISÃO
Alice Sales Fabiano de Almeida, Fernando Campanhã Vicentini, Mônica H M T Assumpção

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Nos últimos anos, o grande desenvolvimento das indústrias químicas e farmacêuticas proporcionou o aumento no consumo de compostos químicos e o seu descarte irregular no meio ambiente (FONTENELE et al., 2010). Entre as inúmeras substâncias podem-se destacar os fármacos, uma vez que são utilizados na busca por maior qualidade de vida e longevidade (ESCHER et al., 2019). No entanto, devido a intensa prática de automedicação, problemas sérios podem ser ocasionados tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente (MONTAGNER; VIDAL; ACABAYA, 2017).  Os fármacos ao serem administrados são parcialmente metabolizados e consequentemente são excretados nas fezes e urina portanto, fazem parte dos efluentes domésticos (AQUINO; BRAUDT; CHERNICHARO, 2013). Em razão disso, esses compostos químicos chegam até as estações de tratamento de esgoto (ETEs) e, de forma geral, não são tratados/removidos, já que usualmente elas não possuem procedimentos avançados de tratamento (GAFFNEY et al., 2014). Assim, essas substâncias são mantidas nos corpos hídricos e podem ocasionar danos no sistema endócrino dos organismos, além de persistirem nas matrizes ambientais (MIRANDA, 2014). Tendo em vista essa problemática, se faz necessária a busca por dispositivos que detectem os fármacos nos fluídos e em águas naturais. Diante disso, os procedimentos eletroanalíticos demonstram-se métodos alternativos e potenciais, já que possibilitam análises rápidas, possuem alta sensibilidade e consomem poucos reagentes (SILVA et al., 2017). Considerando esses aspectos, o objetivo do projeto foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a aplicação de sensores modificados na determinação de espécies farmacêuticas. A metodologia empregada baseou-se na análise meticulosa de publicações presentes na área de eletroanalítica. Os sensores eletroquímicos são dispositivos que traduzem as informações químicas da espécie de interesse em sinais elétricos mensuráveis (STRADIOTTO; YAMANAKA; ZANONI, 2003). A fim de se obter sensores mais sensíveis, seletivos, estáveis, robustos, com respostas rápidas e baixo custo, foram criados e desenvolvidos os eletrodos quimicamente modificados (EQM), no qual possuem espécies quimicamente ativas mobilizadas em suas superfícies (NASCIMENTO; AGNES, 1998). Diversos trabalhos na área de EQM foram realizados recentemente, onde foi possível a identificação de fármacos em águas naturais e em fluídos biológicos. Palakollu e colaboradores (2020), por exemplo, desenvolveram um eletrodo de carbono vítreo modificado com nanocompósito de óxido de ferro/ óxido de grafeno para detectar paracetamol, que está entre os antipiréticos e analgésicos mais prescritos normalmente. Em 2018, um eletrodo de grafite de lápis modificado com nanotubos de paredes múltiplas foi desenvolvido para identificar aceclofenaco, que pertence à família dos anti-inflamatórios e antirreumáticos (MANJUNATH et al., 2018). Notou-se ao longo do estudo que o volume de trabalhos na área aumentou conforme os anos portanto, os eletrodos quimicamente modificados demonstraram ser uma interessante área de pesquisa. Dentre as vantagens, eles detêm, na maioria dos casos, maior simplicidade quando comparados aos eletrodos convencionais. Além disso, podem ser imobilizados diferentes tipos de materiais, o que potencializa a aplicação e, consequentemente, uma gama de espécies farmacêuticas podem ser detectadas. Assim sendo, o desenvolvimento de sensores eletroquímicos para detecção de fármacos em fluídos humanos e amostras naturais é um campo promissor nas pesquisas referentes à eletroanalítica.


Palavras-chave


Sensores, determinação de fármacos, eletroanalítica

Referências


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