Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
O DANO PARCIAL ÀS SEMENTES DE EUGENIA SPP. AFETA O DESENVOLVIMENTO DAS PLÂNTULAS?
Isabela da Costa Gasparini, Alexander V. Christianini

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


A predação de sementes costuma ser vista como sinônimo de morte da semente, tendo em vista que possuem seu tecido nutritivo removido. Porém, atualmente sabe-se que danos parciais permitem que algumas sementes sejam ainda germináveis, e se desenvolvam em plântulas, pois nem todo o tecido de reserva é sempre removido pelo predador. Sementes grandes tendem a possuir maior sucesso em recrutamento nestes casos, por permitirem maior saciedade do predador e maior sobrevivência à estressores naturais. Por outro lado, sementes pequenas possuem capacidade de se alocarem no solo mais rápido, havendo um investimento direcionado para as raízes. Myrtaceae é uma das maiores famílias botânicas com ocorrência em ecossistemas neotropicais. O gênero Eugenia é um dos maiores dentro das Myrtaceae, com ampla variação no tamanho das sementes. Embora se saiba que sementes de algumas Eugenia toleram dano, não se sabe como o dano repercute posteriormente nas plântulas e suas consequências. Assim, os objetivos deste estudo foram (i) descobrir qual o limite de dano as sementes toleram e analisar se sementes maiores toleram mais danos que sementes menores; (ii) avaliar a viabilidade das plântulas resultantes, uma vez que os efeitos tardios da predação parcial são ainda pouco explorados; (iii) analisar se o dano afeta a alocação de recursos no crescimento nas raízes ou no caule. Utilizamos sementes de Eugenia pyriformis (Uvaia), E. involucrata (Cereja) e E. uniflora (Pitanga). Os danos parciais realizados às sementes, simulando predação parcial por roedores, foram separados em quatro tratamentos de dano crescente (T1 a T4) e um tratamento controle (C). Em T1, as sementes receberam dano de até 25% de remoção do tecido nutritivo. Em T2, danos de 25% a 50% de remoção. As sementes em T3 receberam danos de 50% a 75%, e em T4, danos acima de 75% de remoção do tecido nutritivo. Os danos foram provocados com estilete e as sementes pesadas em balança de precisão antes e depois do dano, sendo colocadas para germinar posteriormente. As plântulas resultantes destas sementes danificadas foram transplantadas para tubetes com substrato comercial e mantidas em casa de vegetação durante três meses. Após esse período, foram removidas do tubete e tiveram suas partes separadas em aérea (epicótilo) e raiz (hipocótilo). Após secarem em estufa por 24 horas, foi realizada a pesagem da biomassa seca das partes aérea e da raiz. Plântulas originadas de sementes grandes, representadas por E. pyriformis, não foram afetadas por danos pequenos. Pouco dano até estimulou um crescimento acima do esperado das plântulas (tanto da parte aérea como radicular). Sementes pequenas de E. uniflora também não foram afetadas por danos de pequena monta, e as plântulas resultantes mostraram maior investimento nas raízes. E. involucrata foi a única espécie a ter a viabilidade das plântulas afetada negativamente pelos danos, além de não alocarem preferencialmente em raiz nem em caule. Danos parciais são razoavelmente tolerados por pelo menos algumas espécies de Eugenia. Quando não extensos, podem estar contribuindo para que estas plântulas se desenvolvam mais rápido ou consigam colonizar o solo mais facilmente.


Palavras-chave


ecologia vegetal, plântulas, alocação de biomassa, granivoria, ecologia