Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
IMPLICAÇÕES DO MANEJO DE GLYPHOSATE EM POMAR DE LARANJA PÊRA EM FORMAÇÃO
Luiz Henrique Nicolella Monferdini, Patrícia Marluci Conceição, Rodrigo Martinelli, Ana Carolina Costa Arantes, Luiz Renato Rufino Júnior, Fernando Alves Azevedo

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


As plantas daninhas são consideradas como o fator biótico mais limitante à produção agrícola mundial, e nos citros, como estas convivem ao mesmo tempo e espaço, há menos opções de controle. Há relatos da excessiva e inadequada utilização de glyphosate pelos citricultores brasileiros, com quatro ou mais aplicações por ano agrícola, muitas em sequência e/ou em dosagens acima de 2 kg de e.a. ha-1. Existe muita especulação sobre as consequências bioquímicas e fisiológicas da interação entre os citros e o glyphosate, e os trabalhos existentes mostram-se incipientes e não são conclusivos. Objetivou-se com este projeto avaliar as implicações do uso de glyphosate no controle de plantas daninhas, crescimento e produtividade das plantas de citros. O estudo foi realizado em pomar de laranjeira Pêra [Citrus sinensis (L.) Osbeck], instalado em 2015, com braquiária [Urochloa ruziziensis (R. Germ. & C.M. Evrard) Morrone & Zuloaga] como cultura de cobertura, nas entrelinhas. O delineamento experimental foi em blocos casualisados com 13 tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram diferentes doses de glyphosate (0,0; 540; 1080; 1620; 2160 g e.a. ha-1) combinadas com diferentes números de aplicações durante o ano agrícola (0; 1; 2; 3 aplicações ano-1). Avaliou-se o manejo de glyphosate em pomar de laranjeira Pêra em formação, determinando a deposição de biomassa de braquiária na linha de plantio, o controle de plantas daninhas, assim como o crescimento e a produtividade do pomar de laranja Pêra. Após quatro roçagens das entrelinhas, um total de 8,6 t ha-1 de biomassa acumulada, foi projetada para a linha de plantio dos citros. Não houve diferença significativa entre os tratamentos. Os tratamentos com 1 e 2 aplicações ano-1 obtiveram 53%, em média, no controle das plantas daninhas, enquanto de 3 a 4 aplicações ano-1 resultaram em 88%, em média. Essa diferença ocasionada pelo aumento de aplicações era esperada, visto que o glyphosate é um herbicida sem efeito residual no solo, qualquer aumento em sua frequência de aplicação ocasiona num incremento de controle. Não foi detectado sintomas visuais de toxidez nas folhas das plantas de laranjeira Pêra, com exceção dos efeitos de nanismo (redução do volume da copa), que podem ser decorrentes das aplicações passadas. Observou-se reduções do crescimento das plantas de laranja Pêra, na dose de 2160 g ea ha-1, a partir de 3 aplicações ano-1, com reducões drásticas de 5,7m³, quando comparadas ao melhor tratamento (1080 g ea ha-1 com 2 aplicações ano-1). Quanto à produtividade do pomar, verificou-se que houve quedas de produtividade principalmente quando comparadas ao melhor tratamento (540g ea ha-1 com 4 aplicações ano-1; 54 t ha-1), a dose de 2160 g ea ha-1 com 3 aplicações ano-1 teve queda de 31 t ha-1,  e as doses de 1080 e 2160 g ea ha-1 com 4 aplicações ano-1 tiveram quedas de 32 e 36 t ha-1, respectivamente. Os resultados permitem concluir que altas dosagens e altas frequências de aplicação de glyphosate não incrementam o controle de plantas daninhas, diminuindo o desenvolvimento e produtividade das plantas de laranja Pera.


Palavras-chave


Citrus sinensis, braquiária, mulch in situ, herbicida

Referências


Alvares CA, Stape JL, Sentelhas PC, de Moraes G, Leonardo J, Sparovek G (2013) Köppen's climate classification map for Brazil. Meteorol Z 22:711-728

Blanco, H.G. & Oliveira, D.A. (1978). Estudos dos efeitos da época de controle do mato sobre a produção de citrus e a decomposição da flora daninha. Arq Inst Biol 45, 25-36.

Food and Agriculture Organization. (2009). The lurking menace of weeds. http://www.fao.org/news/story/en/item/29402/icode/. Acessado em: 06 de julho, 2015.

Gazziero, D. L. P., de Oliveira Júnior, R. S., Mendes, R. R., & Rodrigues, L. J. (2020) Euphorbia heterophylla: um novo caso de resistência ao glifosato no Brasil. COMUNICADO TÉCNICO 98 - EMBRAPA. Londrina, PR.

Haslam, E. (1993). Shikimic Acid: Metabolism and Metabolites. Chichester, UK:Wiley.

Heap, I. 2020.  The International Survey of Herbicide Resistant Weeds. www.weedscience.org Acessado em 13 de julho, 2020.

Maeda, H. & Dudareva, N. (2012). The shikimate pathway and aromatic amino acid biosynthesis in plants. Annual review of plant biology63, 73-105.

Martinelli, R., Monquero, P., Fontanetti, A., Conceição, P. & Azevedo, F. (2017). Ecological Mowing: An Option for Sustainable Weed Management in Young Citrus Orchards. Weed Technology, 31, 260-268. doi:10.1017/wet.2017.3

Mendel, K. Rootstock-scion relationships in Shamouti trees on light soil. KTAVIM, v.6, p.35-60,1956.

Monquero, P. A. e Christoffoleti, P. J. (2005). Banco de sementes de plantas daninhas e herbicidas como fator de seleção. Bragantia, 64, 203-209.

Myers, J. P., Antoniou, M. N., Blumberg, B., Carroll, L., Colborn, T., Everett, L. G. & Vandenberg, L. N. 2016. Concerns over use of glyphosate-based herbicides and risks associated with exposures: a consensus statement. Environmental Health 15, 1-13.

R Development Core Team. (2014). A Language and Environment for Statistical Computing. Vienna, Austria: R Foundation for Statistical Computing. http://www.R-project.org/ Acessado em: 15 de novembro, 2016.

Toth, J. & Morrison, G. (1977). Glyphosate drift damages fruit trees. Agricultural Gazette of New South Wales, 88, 44-45.

Tucker, D. P. H. (1977). Glyphosate injury symptom expression in citrus. HortScience, 12, 498-500.