Introdução

Este projeto de iniciação científica teve por objetivo desenvolver uma etnografia sobre a Comunidade que Sustenta a Agricultura de São Carlos a partir da perspectiva da principal interlocutora da pesquisa, a agricultora Dina. A etnografia focou nas práticas e conhecimentos conduzidos por Dina e pelos membros associados, abarcando a heterogeneidade de fluxos (INGOLD, 2015) entre seres humanos e não humanos, e de saberes que circulam na CSA São Carlos. Através das narrativas de Dina durante as entrevistas, e dos relatos de campo coletados junto a agricultora, pude evidenciar três noções, sendo elas: troca, verdade e comunidade. Tais investigações ligadas às práticas e narrativas da agricultora encaminharam-me para discussões sobre técnica, conhecimento e ecologia a partir da Antropologia, que serão brevemente explorados adiante.

Objetivos

Os objetivos da pesquisa centraram-se nas estratégias narrativas na produção de relatos etnográficos, e na identificação de noções e categorias em evidência a partir das narrativas de Dina durante as nossas conversas, o trabalho de campo e entrevista gravada. Essas investigações me direcionaram para as práticas de cultivo e produção de conhecimentos na comunidade.

Metodologia

Na intenção de realizar uma pesquisa etnográfica na comunidade, em outubro de 2018 conversei com Dina e os associados da CSA São Carlos para que a proposta do projeto pudesse ocorrer no local. Após o consentimento por parte da comunidade, iniciaram-se as observações participantes, diálogos e entrevistas abertas junto aos membros, entre novembro de 2018 a junho de 2019. Na segunda semana de janeiro de 2020, realizei uma entrevista com perguntas semi estruturadas e abertas com a agricultora, que foi gravada com seu consentimento.

Resultados e conclusões

A etnografia desenvolvida buscou pensar e descrever as práticas, técnicas e conhecimentos da agricultora Dina junto à Comunidade que Sustenta a Agricultura de São Carlos, em especial o modo como as trocas nesta CSA conectam diferentes saberes e seres, e como essas redes se conectam formando um amplo sistema ecológico. O foco se deu não só nos procedimentos técnicos que tinham como finalidade a produção e circulação de alimentos orgânicos, mas também na observação atenta do cotidiano da comunidade, e em suas relações interespecíficas, construindo coletivos mais que humanos. As visões e práticas desta CSA, expressas por Dina como sendo “além do imaginário”, atravessaram sentidos cosmopolíticos (STENGERS, 2018), relacionados às articulações de agenciamentos múltiplos. Além disso, os conhecimentos de produção orgânica e agroecológica de alimentos também proporcionaram reflexões sobre a escrita etnográfica e sobre a maneira que as práticas de cultivo de Dina possuem certas semelhanças com práticas antropológicas. Os resultados desta pesquisa desdobraram-se na escrita de um trabalho de conclusão de curso (TCC) defendido em novembro de 2020 e um artigo científico a ser submetido para publicação.