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UM LUGAR CHAMADO JERUSALEM: FIGURAÇÕES DO SUJEITO PÓS-CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO E EXTERMÍNIO EM GONÇALO M. TAVARES
Kairo Lazarini da Cruz, Jorge Vicente Valentim

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Esta proposta de Iniciação Científica surge como fruto subsequente das investigações realizadas nos últimos 12 meses com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), onde me propus a investigar a obra do escritor português contemporâneo, Gonçalo M. Tavares, sob a ótica das releituras culturais e da transcontextualização paródica (HUTCHEON, 1985), em Uma Viagem à Índia (2010). Durante o estudo aprofundado da bibliografia do autor, com o intuito de mapear temas, estilos e estéticas, o romance Jerusalém (2006), da tetralogia O Reino, suscitou grandes inquietações quanto à maneira como o escritor conjuga temas recorrentes dentro de um universo que parece, à primeira vista, alheio ao nosso. No entanto, a loucura, a racionalidade, o corpo, o espírito, a violência, o amor e a guerra acabam constituindo um elenco de temáticas que se embrenham de maneiras improváveis e convergindo numa representação poderosa de um estado perene de arrebatamento, prostração e loucura, cujo resultado recai sobre um esfacelamento do sujeito contemporâneo. Em suma, a proposta do novo estudo da ficção de Gonçalo M. Tavares visa, agora, observar as maneiras possíveis como o autor, na senda do cosmopolitismo contemporâneo (REAL, 2012), opera um exercício intenso de racionalização e figuração das identidades e dos lugares ocupados pelos herdeiros do horrores do século XX, num mundo situado em tempos pós-holocausto.

Palavras-chave


Holocauto; Trauma; Novíssima Ficção Portuguesa; Gonçalo M. Tavares

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