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Influência da granulometria do agregado de resíduo de concreto na resistência a compressão e módulo de elasticidade do concreto estrutural
Tawan Mundim de Oliveira, Silvana De Nardin

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Devido à geração crescente de resíduos sólidos na construção civil, é imprescindível investigar formas de reutilizar esses resíduos e mitigar os impactos ambientais da extração e do descarte inadequado. Nesse contexto, foi realizado um estudo experimental no qual resíduos de concreto foram utilizados na produção de concretos estruturais. O principal objetivo foi avaliar o impacto da substituição simultânea de agregados graúdo e miúdo natural por agregados de resíduos de concreto (ARC) em concretos estruturais. Para isso, foram avaliadas propriedades físicas e mecânicas de concretos em estado fresco e endurecido tomando como variável o teor de substituição do agregado miúdo e mantendo em 50% o teor de substituição do agregado graúdo. O programa experimental foi composto de 6 misturas de concreto sendo uma mistura de referência contendo apenas agregados naturais e cinco com agregados reciclados de concreto. Três teores de substituição do agregado miúdo foram avaliados: 30%, 50%, 100% e 100% com agregado miúdo reciclado saturado em 100%. Os agregados de resíduo de concreto foram produzidos a partir da britagem de corpos de prova de concreto e selecionadas as frações correspondentes à brita 0 e a agregado miúdo. Nas misturas de concreto foi utilizado o traço: 1,0:2,42:2,58:0,68 (cimento:areia:brita:água/cimento), com 316 kg/m3 de cimento CP V ARI. Agregados naturais graúdos e miúdos foram caracterizados quanto à composição granulométrica, massa unitária, massa específica e absorção de água. Adicionalmente, foi determinada a absorção dos agregados de resíduo de concreto. Os parâmetros avaliados foram: resistência à compressão, módulo de elasticidade e absorção de água. Os agregados de resíduos de concreto apresentaram maior porosidade e absorção que os agregados naturais. Foram registrados aumentos de 96% e 6150%, respectivamente para agregados graúdos e miúdos, na absorção. Houve diferença significativa na trabalhabilidade devido à presença de ARC; redução de 93,3% no abatimento ocorreu para substituição total de agregado miúdo. No estado endurecido, lembrando que as misturas continham 50% de agregado graúdo de ARC, houve aumento da resistência à compressão para os menores teores de substituição do agregado miúdo (2,5% para 30% de substituição). Nos teores maiores, houve redução na resistência (9% para substituição total do agregado miúdo) ocasionado pela fragilidade do agregado reciclado. Em relação ao módulo de elasticidade, quanto maior o teor de substituição do agregado miúdo, menor o módulo de elasticidade; a redução chega a 24% para substituição total. Assim, os resultados experimentais corroboram resultados disponíveis na literatura e mostram que o agregado de resíduo de concreto, seja graúdo ou miúdo, pode ser utilizado na produção de concretos com fins estruturais. Além disso, é possível combinar agregados graúdos e miúdos de ARC na produção de concretos, mas, ao fazer isso, podem surgir dificuldades quanto à trabalhabilidade do concreto uma vez que os agregados miúdos de ARC apresentam absorção elevadíssima. A redução da trabalhabilidade afeta a qualidade do concreto endurecido causando redução na resistência a compressão. Por isso, são necessários estudos complementares para avaliar a correção da água da mistura e a saturação prévia dos agregados de resíduos de concreto.


Palavras-chave


concreto estrutural, agregado de resíduo de concreto, resistência a compressão

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