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AS PERSPECTIVAS DA PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS EM ARTIGOS CIENTÍFICOS DE PERIÓDICOS BRASILEIROS (QUALIS A)
Maria Julia Freire, Anselmo Calzolari

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Um panorama do conhecimento produzido sobre a Educação de Pessoas Jovens e Adultas (EPJA) no Ensino de Ciências da Natureza (Biologia, Física, Geologia e Química) (TEIXEIRA; MEGID-NETO, 2012; BRAGA; FERNANDES, 2015; MARQUES; BOZZINI, 2019) revelou certo silenciamento quanto a um mapeamento com análise de pesquisas publicadas em periódicos específicos para a área de Ensino de Ciências da Natureza (ECN). Entendendo que a apropriação do conhecimento científico é emancipadora/libertadora na atual conjuntura social (CUNHA, 2018) e que a EPJA tem como caráter a garantia de direitos e ampliação da cidadania, tendo em vista suas funções: reparadora, equalizadora e permanente (FLECHA; MELLO, 2012), o objetivo geral deste trabalho foi evidenciar perspectivas quantitativas e qualitativas para conceber a relação do Ensino de Ciências na EPJA a partir de artigos científicos publicados em periódicos Qualis A no contexto brasileiro. Para isso, tomou-se como referencial a Aprendizagem Dialógica (AUBERT et al., 2016), em razão desta: (a) proporcionar validez (validade e veracidade) para se desenvolver uma educação igualitária e transformadora, que garante níveis máximos de aprendizagem para todos e todas; (b) ter sido formulada no contexto da modalidade de EPJA (FLECHA, 1997); (c) estar em acordo com a Alfabetização Científica (CUNHA, 2018), especificamente com a dimensão instrumental da aprendizagem. Utilizou-se a modalidade de Pesquisa Bibliográfica (LIMA; MIOTO, 2007) a partir da exploração em 14 revistas brasileiras de Ensino de Ciências com Qualis A1 e A2 na avaliação do quadriênio 2013-2016, compreendendo o período de 1979 a 2019, e parâmetro linguístico o idioma português. Para análise qualitativa dos resultados foi empregada a Análise Textual Discursiva (MORAES; GALIAZZI, 2016), que se inicia com a desmontagem (ou unitarização) do corpus, seguido do processo de estabelecimento de relações (categorização) e finalmente a captação do novo emergente (comunicação) em que se produz um metatexto como resultado de todos os passos. Os resultados quantitativos mostram que as publicações de pesquisas nesta intersecção EPJA-ECN começam a ser frequentes a partir de 2004, contabilizando 46 artigos. Entretanto, esta contabilização corresponde a 0,55% de todos os artigos publicados (8.426). Além disso, nota-se, ao longo dos anos, uma diminuição percentual das publicações que envolvem a EPJA em relação ao total. Os resultados qualitativos evidenciaram que as concepções construtivista e dialética de aprendizagem são mais frequentes nas práticas pedagógicas, não sendo evidenciada a concepção dialógica. Quanto ao Ensino de Ciências da Natureza a atenção distribuiu-se em perspectivas curriculares, modos de entendimento da educação científica, formação para a vida em sociedade e expectativas quanto às capacidades dos educandos. A análise também tornou evidente a utilização de perspectivas e ações de ECN pensadas para outras modalidades de ensino que não a EPJA. Dessa forma, os resultados apresentados corroboram: (a) uma carência no que diz respeito à quantidade de pesquisas publicadas nos periódicos investigados que fazem intersecção entre o ECN e a EPJA, assim como (b) a compreensão da Educação de Pessoas Jovens e Adultas como pretexto, e não contexto, de investigação no Ensino de Ciências da Natureza para ações desenvolvidas conforme modalidade de Educação Básica.

Palavras-chave


EJA, Pesquisa Bibliográfica, Aprendizagem Dialógica, Alfabetização Científica

Referências


AUBERT, A. et. al. Aprendizagem dialógica na sociedade da informação. São Carlos: EDUFSCar, 2016. 206 p.

BRAGA, F. M.; FERNANDES, J. R. Educação de Jovens e Adultos: contribuições de artigos em periódicos brasileiros indexados na base SciELO (2010-2014). Caderno CEDES, v.35, n.96, p.173-196, 2015.

CUNHA, R. B. O que significa alfabetização ou letramento para os pesquisadores da educação científica e qual o impacto desses conceitos no ensino de ciências. Ciência & Educação, v.02, n.01, p.27-41, 2018.

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TEIXEIRA, P.M.M.; MEGID-NETO, J. O estado da arte da pesquisa em ensino de Biologia no Brasil: um panorama baseado na análise de dissertações e teses. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v.11, n.2, p.273-297, 2012.