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DIVERSIDADE NA FORMAÇÃO EM SAÚDE: CAMINHOS PARA A INTEGRALIDADE E EQUIDADE
Caroline Izabela Silva, Natália Sevilha Stofel, Flávio Adriano Borges, Natália Rejane Salim

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Introdução: A temática da diversidade no ensino superior ainda se mostra em grande parte ausente. Nos últimos anos a Universidade pública brasileira viveu mudanças intensas na forma de discutir a diversidade academicamente, pois tem sido local e espaço de convivência de diferentes grupos que outrora não tinham seus direitos garantidos no acesso e permanência desse espaço. Nesse contexto, as Ações Afirmativas passam a ser instituídas no cenário do ensino superior público brasileiro como condutas desenvolvidas e aplicadas, com o objetivo de reverter ou corrigir situações de desigualdades e discriminação vivenciadas por pessoas de grupos sociais excluídos e marginalizados da sociedade. A partir disso, voltou-se o olhar para as diversidades dentro da Universidade e com isso tangenciou o debate sobre a necessidade de repensar a formação e os projetos políticos pedagógicos dos cursos de graduação.  Objetivo: Compreender os sentidos da diversidade na formação nos cursos de graduação da área da saúde.  Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa. O cenário de estudo foi uma Universidade Federal localizada no interior de São Paulo que possui cursos de graduação na área da saúde. Os/As participantes desse estudo foram estudantes do último ano de graduação de quatro cursos da área da saúde selecionados e os/as coordenadores/as dos mesmos cursos. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada. Também foi utilizado um roteiro com questões sociais a fim de identificar os perfis dos/as participantes. Houve transcrição integral das entrevistas e a análise foi realizada por meio de mapas dialógicos que após serem elaborados permitiram a organização e aprofundamento dos dados para a discussão. Resultados: Os discursos mostraram que com a presença de uma comunidade acadêmica diversa, o espaço universitário passa a fomentar de forma intensa a necessidade da inclusão das diversidades em diferentes espaços e cenários do ensino superior. Porém, mesmo com um aumento da diversidade dentro do campus, os cursos da área da saúde não abrangem essas temáticas de forma aprofundada e como um eixo que sustenta a construção do currículo em saúde. Assim, foi possível enxergar as barreiras para que essas temáticas sejam discutidas pelos docentes, como as dificuldades de mudança nos currículos, a falta de abertura para aprofundamento dessas temáticas, falta de capacitação e questões subjetivas dos próprios docentes, fatores esses que demostram refletir diretamente na formação dos estudantes com relação às diversidades. Conclusão: Este estudo evidenciou a falta de garantia das temáticas da diversidade de forma aprofundada e transversal no projeto político pedagógico dos cursos investigados. Foi possível compreender que é necessário a construção de estratégias de ensino para as temáticas, com vista a fomentar o debate, mas também instrumentalizar os docentes visto que essa temática não era discutida e legitimada tempos atrás, logo, hoje, diante das demandas que a comunidade acadêmica apresenta durante a graduação, a formação dos docentes não consegue suprir as questões levantadas. Pode-se concluir que é urgente a necessidade de elaboração de estratégias que garantam as temáticas da diversidade de forma transversal na formação em saúde, bem como pauta do projeto mais amplo de universidade.

Palavras-chave


Formação em saúde; Diversidade; Equidade

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