Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
ENSINO DE ECOLOGIA E CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM EM TRABALHOS PUBLICADOS NOS ENCONTROS NACIONAIS DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS (ENPEC)
Anselmo Calzolari, Julia Cintra Claro

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


As Ciências da Natureza defendem conhecimentos resultantes de investigação para a compreensão dos seus processos, tendo seu entendimento frequentemente em constante mudança, de acordo com os avanços tecnológicos e culturais (RICKLEFS, 2012). A Ecologia apresenta conhecimentos-chave para compreender a importância das relações dos organismos e as consequências das ações antrópicas nos ambientes, possibilitando a constituição de um pensamento crítico e consciente (RICKLEFS, 2012). Ensinar ecologia é investir na compreensão dos processos que dominam o funcionamento da natureza, incluindo o próprio ser humano como integrante e transformador, refletindo sobre suas práticas no mundo natural (KRASILCHIK, 2000). Os conceitos de Ecologia estão em frequente discussão e reformulação, o que nos faz questionar, também, a forma como este conteúdo têm sido ensinado nas escolas. Além disso, a busca de evidências no Ensino de Ecologia que associam diretamente conhecimentos específicos aos modelos e concepções de aprendizagem que têm sido considerados parece contribuir para o avanço na área, tendo em vista que a metodologia de ensino que compreenda as necessidades do alunado é fundamental para a aprendizagem efetiva. Entende-se que conhecer tais concepções de aprendizagem e modelos educativos possa favorecer a formação inicial e continuada de professores de Ciências e Biologia. Este trabalho teve como objetivo analisar as concepções de aprendizagem presentes, ou aparentes, nas pesquisas realizadas entre 1997 e 2019, publicadas nos Anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), sobre o tema “Ensino de Ecologia”. Utilizamos a Pesquisa Bibliográfica, que possibilita mapear de forma ampla todas as informações e dados presentes nas fontes consultadas sobre o tema de pesquisa, mapeando o quadro conceitual do objeto de estudo (GIL, 1994). No primeiro momento foi feita a etapa quantitativa, contabilizando 60 trabalhos (dentre os 9296 publicados em todas as edições do ENPEC) que traziam “Ecologia” como tema e, descartando aqueles que não apresentavam menção a práticas pedagógicas, aprofundamos análise qualitativa dos 14 trabalhos que continham Proposta de Ação de Ensino. Esta etapa evidencia uma carência na quantidade de trabalhos publicados nos Anais do ENPEC contendo a temática Ensino de Ecologia e, principalmente, trabalhos que trazem Proposta de Ação de Ensino. Com esse corpus foi possível fazer uma análise qualitativa a partir da Análise Textual Discursiva (MORAES e GALIAZZI, 2016), categorizando-os segundo as concepções de aprendizagem propostas por Aubert et al. (2016) e Gómez et al. (2006): Perspectiva Construtivista (8) e Perspectiva Crítica (6). Foi possível identificar prevalência pela perspectiva construtivista, mas também um avanço com trabalhos contendo perspectiva crítica, evidenciando a intenção de criar práticas educativas que sejam capazes de formar cidadãos e cidadãs críticos(as), tendo a responsabilidade social como grande influenciadora das relações. Apesar de não termos um resultado abundante em quantidade, a análise se mostrou relevante para conhecermos as perspectivas de ensino de Ecologia que têm sido publicadas. A ausência de trabalhos com Perspectiva Dialógica da aprendizagem abre caminhos de investigação, considerando que esta teoria traz consigo contribuições fundamentais para a diminuição do fracasso escolar, além de ser coerente com a atual Sociedade da Informação (AUBERT et. al., 2016).



Palavras-chave


formação de professores; aprendizagem dialógica; pesquisa bibliográfica

Referências


AUBERT, Adriana; FLECHA, Ainhoa; GARCÍA, Carme; FLECHA, Ramón; RACIONERO, Sandra. Aprendizagem dialógica na sociedade da informação. São Carlos: EdUFSCar, 2016.

GIL. Antonio C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1994

GÓMEZ, Jesús; LATORRE, Antonio; SÁNCHEZ, Montse; FLECHA, Ramón. Metodologia Comunicativa Crítica. 1ª edição. El Roure Editorial S.A.: Barcelona, 2006.

KRASILCHIK, Myriam. Reformas e realidade: o caso do ensino das ciências. São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 1, p. 85–93, 2000.

MORAES, Roque.; GALIAZZI, Maria C. Análise Textual Discursiva. 3 ed. Ijuí, Ed Unijuí, 2016.

RICKLEFS, Robert E. A Economia da Natureza. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.