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Estimativa de propriedades do biodiesel obtido a partir do óleo da microalga Phormidium autumnale
Luana Calegão, Beatriz Miras Guimarães, Taisne Gonçalves Visentin, Reinaldo Gaspar Bastos

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


As microalgas são consideradas alternativas promissoras como matéria-prima para diversos bioprodutos comerciais relacionados à nutrição humana e animal, biopigmentos, fertilizantes, antioxidantes e biocombustíveis. A partir da biomassa microalgal é possível obter óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados para consumo humano, sendo comumente encontrados ácido oleico (C18:1), ácido linoleico (C18:2), ácido linolênico (C18:3) e ácido palmítico (C16:0). Em se tratando de biocombustíveis, a obtenção de biodiesel por microalgas vem sendo pesquisada em grande escala nos últimos anos. Phormidium autumnale é uma cianobactéria que apresenta característica morfológica filamentosa, o que pode facilitar a separação da biomassa dos meios de cultivo após o crescimento celular (etapas de “downstream”). Neste contexto, o objetivo desta pesquisa foi estimar as propriedades de biodiesel a partir do óleo extraído da biomassa de Phormidium autumnale. A cianobactéria foi mantida em balões de 6 L contendo meio BG11, aeração constante de 1 VVM (volume de ar por volume de meio por minuto) e fotoperíodo de 12 horas (claro-escuro), com obtenção de aproximadamente 1g L-1 de biomassa final. O meio de cultivo foi centrifugado para recuperar a biomassa, a qual foi posteriormente lavada com solução tampão fosfato 0,2 M pH 6,85. O teor de lipídios na biomassa microalgal foi determinado pelo método de extração Bligh e Dyer, sendo que o material obtido foi transesterificado e o perfil de ácidos graxos determinado por cromatografia em fase gasosa. A partir da composição em termos de ácidos graxos foi utilizado um software para a estimativa das propriedades do biodiesel microalgal. A biomassa de Phormidium autumnale gerada em BG11, meio de cultivo padrão fotossintético contendo sais dissolvidos em água, apresentou um teor de lipídios totais de 16,58%. O óleo foi majoritariamente composto por ácido-linoléico (51%), ácido-palmítico (21,4%), ácido-oleico (11,1%), ácido-mistírico (8,5%) e ácido-esteárico (3,9%). Mais da metade do óleo é composto por ácidos graxos poli-insaturados (51%), seguido saturados (33,8%) e monoinsaturados (11,3%). A partir desta composição, foi possível estimar algumas propriedades do biodiesel, comparando-as com os padrões indicados em normas brasileira e internacionais. Dentre os parâmetros, destaca-se que o número de cetano (50,62), o índice de iodo (102,4 gI2 100g-1) e o ponto de entupimento de filtro a frio de 3,69°C, os quais estão de acordo com as normas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP 45/2014) e a norma americana da “American Society for Testing and Materials” (ASTM D6751). Os resultados indicam a viabilidade de extração dos lipídios microalgais e obtenção de biodiesel com propriedades físico-químicas adequadas a partir da biomassa de Phormidium autumnale.


Palavras-chave


cianobactéria, vinhaça, Phormidium, biodiesel