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INFLUÊNCIA DO NITROGÊNIO NA COMPETIÇÃO ENTRE UROCHLOA DECUMBENS E DUAS ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS
Rhauani Silva Costa, Andrea Lucia Teixeira de Souza, Gabriela Strozzi

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Introdução

A conversão de ecossistemas florestais em campos agropastoris frequentemente resulta em degradação do solo, com perda de nutrientes e processos erosivos, cuja recuperação baseia-se principalmente na reintrodução de espécies-chave arbóreas e arbustivas em estágios de plântulas ou plantas jovem. O desenvolvimento das plântulas reintroduzidas pode ser condicionado pela disponibilidade de nutrientes no solo, influenciando de forma direta a velocidade de crescimento, arquitetura, sobrevivência e mortalidade. Diversos estudos apresentaram resultados positivos em relação à adubação do solo, seja ela mineral ou orgânica, mas poucos compararam seus efeitos em diferentes espécies arbóreas.

Objetivo

O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da adição de adubo mineral NPK e de matéria orgânica no desenvolvimento de duas espécies arbóreas nativas, Amendoim-bravo,Pterogyne nitens Tul. e Canafístula, Peltophorum dubium (Spreng) Taub. Buscou-se saber se o crescimento das espécies é limitado pela disponibilidade de nutrientes e se existe diferença entre o efeito da adubação mineral e orgânica.

Metodologia

O experimento foi conduzido no viveiro do departamento de Ciências Ambientais da UFSCar e as sementes das duas espécies foram adquiridas em viveiros da região, as quais passaram por um processo pré-germinativo. Após, as mudas foram dispostas em vasos plásticos de 30 cm de largura por 25 cm de altura, com capacidade de 14 litros e tiveram seu crescimento (altura e diâmetro) acompanhado mensalmente de fevereiro a agosto de 2020. Os tratamentos de solo utilizados correspondem a: solo sem adubação (controle), solo com adubação mineral e solo com adubação orgânica, com 10 réplicas de cada espécie em cada um. O solo de cada tratamento foi coletado e enviado para análise após três meses do início do experimento. Os dados coletados foram avaliados por meio da Análise de Variância de Medidas Repetidas para as duas espécies. Avaliamos as diferenças entre os tratamentos em cada intervalo de tempo através do teste de Tukey.

Resultados

As propriedades químicas do solo variaram entre os tratamentos após três meses. Maiores níveis de Nitrogênio, Potássio, CTC E V% foram encontrados no tratamento com adubação orgânica, devido ao constante processo de decomposição da matéria orgânica. Essas características propiciaram melhor desempenho das duas espécies em relação aos demais tratamentos utilizados. As taxas de crescimento se mantiveram baixas no tratamento controle. O menor desempenho de crescimento de Pterogyne nitens no tratamento controle sem adubação sugere uma baixa tolerância a ambientes degradados. O tratamento orgânico não se diferenciou dos resultados de crescimento gerados pelo tratamento de adubação química no primeiro mês para a Canafístula.

Conclusão

Este estudo mostrou que a adição de matéria orgânica no solo exerceu um efeito mais intenso no crescimento das plantas, quando comparado com a adubação química devido ao fato de que as quantidades de N, P e K, outros macronutrientes, CTC e V% serem mais altas neste tratamento. Os resultados sugerem que a perda da matéria orgânica de solos que sofreram a supressão da vegetação nativa, deve ser uma das principais barreiras à regeneração natural e causas do baixo desempenho de mudas de espécies nativas em áreas degradadas.


Palavras-chave


propriedades do solo, taxas de crescimento de plantas, plasticidade fenotípica

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