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Do café à indústria: os grupos econômicos na cidade de Araras-SP (1928-1937)
Gustavo Pereira da Silva, Nicoly Gomes Barrotti

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


INTRODUÇÂO

A formação econômica das cidades de Rio Claro-SP e Araras-SP foi marcada pela rápida expansão da lavoura cafeeira que possibilitou o processo de acumulação de capital e a expansão industrial apoiada na mão-de-obra e no consumo da massa de imigrantes, originalmente trazidos às lavouras. Gradativamente, os imigrantes que habitavam nas fazendas passaram a migrar para a cidade onde conseguiam comprar terras e viver da indústria doméstica. Desde então, as pequenas fábricas locais de origem familiar que começaram a surgir, logo iriam fazer parte dos grupos econômicos estabelecidos nas regiões.

 

OBJETIVO

Considerando que o termo Grupo Econômico refere-se ao conjunto de empresas independentes, mas que estão interligadas por meio de laços formais ou informais, o objetivo deste trabalho é apresentar quais eram os grupos econômicos industriais dos municípios de Rio Claro e Araras e apontar quais tiveram maior relevância nessas localidades.

 

METODOLOGIA

A pesquisa foi fundamentada nos dados fornecidos pela Estatística Industrial do Estado de São Paulo, entre os anos 1928 e 1937, disponibilizados pela Fundação Seade. As etapas consistiram em levantar um banco de dados, confrontar os resultados da análise com as bibliografias e, por fim, fazer uma análise integrada de todos os resultados obtidos dando origem a um relatório técnico e um artigo final.

 

RESULTADOS

Foram analisadas anualmente, em cada cidade, as empresas existentes e agrupadas em grupos econômicos, atentando-se ao setor pertencente, capital, quantidade de funcionários e força motriz. Na cidade de Rio Claro, foram observados alguns principais grupos econômicos, como os formados pelas famílias Castellano e Barsoti, Irmãos Sarti, Meyer e Filhos, Timoni e Irmãos, e Costa e Cia. Já em Araras, os principais grupos econômicos pertenciam às famílias Fachini e Zurita, Vansetti e Busollin, e Domingos Viganó. Estes grupos econômicos tiveram importante participação no processo de industrialização de ambos os municípios e são relevantes para entender a dinâmica regional da economia na primeira metade do século XX. É perceptível que até 1929 havia um pequeno e gradual crescimento industrial em Rio Claro e Araras, tanto em quantidade de firmas quanto nas suas capacidades de produção, porém com o contexto da Grande Depressão e com a crise agroexportadora a região se viu com a oportunidade de dinamizar sua economia. A aquisição de novas firmas em outros setores por famílias que já possuíam propriedades produtivas resultou num aumento considerável em seus capitais industriais e na formação desses grupos econômicos

 

 

CONCLUSÕES

Pode-se considerar que a análise dos dados levantados corrobora com a bibliográfica referente ao tema. Nota-se que as famílias detentoras das propriedades industriais eram de origem imigrante e atuavam em setores que davam sustentação à produção de café da região, como apontado por Dean (1971) e Cano (1975). Além disso, esses pequenos grupos econômicos eram fundamentais para o funcionamento da economia local e contribuíram fortemente para o processo de industrialização da região, visto que, muitos deles tem participações consideráveis nas economias locais até os dias atuais.


Palavras-chave


Araras, Rio Claro, Indústria, Grupos Econômicos

Referências


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