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Efeito da poluição por esgotos domésticos sob as assembleias de microcrustáceos (Cladocera e Copepoda) em um sistema rio-lagoa
Camila Moreira Silva, Otávio Augusto Santos, Raoul Henry, Gilmar Neves

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Oscilações nas variáveis químicas e físicas derivadas da eutrofização tendem a reduzir a qualidade da água, ocasionando desequilíbrios e distúrbios nas comunidades aquáticas. Os microcrustáceos (Cladocera e Copepoda) possuem grande importância ecológica, podendo ser utilizados como bioindicadores da qualidade hídrica devido ao curto ciclo de vida e rápidas respostas ambientais, permitindo uma alta percepção nas alterações do meio, observadas em mudanças em sua dinâmica populacional, morfológica e composição taxonômica. No presente estudo analisamos as assembleias de microcrustáceos em uma lagoa marginal ao rio Paranapanema, submetida ao despejo direto de esgotos domésticos, proporcionando um ambiente compartimentalizado e eutrofizado. Foram mensuradas diversas variáveis limnológicas da água visando o melhor entendimento das relações dos organismos com o meio. Devido à pandemia de COVID-19 e ao baixo nível da água da lagoa causada por estiagem prolongada desde 2017, uma coleta de amostras apenas foi realizada no mês de setembro de 2019. Foram amostrados oito pontos dentro da lagoa, filtrando-se 180 litros por amostra, com o auxílio de uma rede cônica de zooplâncton de 68µm de abertura de malha. As amostras foram fixadas com formaldeído (4%) tamponado com tetraborato de cálcio e coradas com rosa de bengala em laboratório para a análise e identificação com bibliografia especializada, sob estereoscópios e microscópios. Foram mensuradas durante a coleta as variáveis físicas e químicas com uma sonda multiparâmetros Hanna (condutividade elétrica, turbidez, concentração de oxigênio dissolvido, temperatura, pH, sólidos totais dissolvidos e o potencial de oxirredução), também foram obtidas amostras de água para posterior análise dos nutrientes (fósforo total e nitrogênio total) e clorofila a. Foram encontrados 16 táxons de microcrustáceos, sendo 10 de cladóceros e 06 de copépodes. A espécie Daphnia gessneri apresentou a maior densidade (média de 34128 ind.m-3) entre os cladóceros e Thermocyclops decipiens entre os copépodes adultos (média de 762 ind.m-3). Ambas espécies puderam ser consideradas bioindicadoras do gradiente espacial de eutrofização, visto que D. gessneri foi mais abundante no ponto 8, próximo à conexão com o Rio Paranapanema e T. decipiens no ponto 1, próximo à fonte de poluentes e com presença de bancos de macrófitas. O maior valor de diversidade alfa foi observado no ponto 1 e 8, para os índices de diversidade de Simpson e de Shannon observou-se elevados valores no ponto 1. Também foi observada a presença de ovos de resistência e de ciclomorfose nas populações de D. gessneri, apontando para um ambiente instável e estressante para os organismos. Houve também alterações significativas nas variáveis físicas e químicas entre os pontos mais afastados do local do despejo de afluentes, como maiores valores de condutividade, turbidez e menores valores de transparência e concentração de oxigênio dissolvido no ponto 1, em relação aos demais pontos. Conclui-se que há um gradiente de eutrofização na lagoa a partir das espécies encontradas, dos índices calculados, das variáveis limnológicas, a alta presença de ovos de resistências e da ciclomorfose em cladóceros. O ambiente possui alta necessidade de monitoramento, de manejo e de trabalhos de educação ambiental para a população ao entorno, uma vez que as ações antrópicas detectadas afetam a qualidade da água em alguns locais da lagoa estudada.

Palavras-chave


qualidade de água, diversidade, ecologia