A presente pesquisa objetiva compreender o processo de adaptação de estudantes de diferentes origens sociais na Universidade Federal de São Carlos, procurando identificar os possíveis capitais e trajetórias escolares que influenciam a fase inicial de adaptação ao meio acadêmico. Portanto, a mesma se insere nas discussões sobre a expansão do acesso à Educação Superior e inserção de estudantes de camadas populares ao campo universitário público brasileiro. A partir da implementação da Lei 12.711 (BRASIL, 2012) o perfil do estudante universitário passa por mudanças (RISTOFF, 2014) e torna relevante o tema da adaptação a esse campo. O referencial teórico adotado aborda os estudos do sociólogo francês Pierre Bourdieu em parceria com Jean-Claude Passeron (BOURDIEU; PASSERON, 1992; 2015) com destaque ao conceito de capital cultural, associado aos conceitos de habitus e campo. O conceito de capital cultural diz respeito ao acesso do agente a bens culturais considerados socialmente valorizados e dominantes (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2017). A pesquisa caracteriza-se como qualitativa e de campo, sendo desenvolvida na UFSCar com estudantes de seis cursos de graduação selecionados como sendo os de maior e menor seletividade de cada um dos três centros de ciências presentes no campus de São Carlos. Os procedimentos de coleta de dados incluem a revisão bibliográfica, documental e a aplicação de questionários (online) aos estudantes ingressantes do ano de 2019. Através da análise documental (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, 2019) buscou-se verificar a seletividade dos cursos a partir da nota de corte dos mesmos (GONÇALVES; RAMOS, 2019). Chegou-se aos seguintes cursos: Engenharia Física, Química Licenciatura Noturno, Medicina, Gerontologia, Psicologia e Tradução e Interpretação Libras/Língua Portuguesa. No entanto, a coordenação do curso de Psicologia não apresentou resposta para as solicitações de autorização de pesquisa, sendo necessário o contato com o segundo curso mais seletivo do mesmo centro de ciências que, conforme os dados, é o curso de Imagem e Som. A análise dos resultados utiliza a categorização e triangulação de dados (TRIVIÑOS, 1987), considerando-se a fruição dos espaços e atividades acadêmicas, e a autoavaliação de desempenho dos estudantes como critério para a análise da adaptação universitária. Com base na diferenciação encontrada nas notas de corte dos cursos mais e menos seletivos, é possível observar uma diversificação de capitais econômico e cultural dos estudantes. O estudo de Gonçalves e Ramos (2019) corrobora essa informação quando afirma que ambos os capitais são importantes nas chances de sucesso do estudante ao buscar acessar o ensino superior. De acordo com a teoria bourdieusiana, essa diferenciação poderia ser compreendida a partir dos aspectos sociais dos estudantes, diferente do que é defendido pela ideologia do dom (BUENO, 2017) que acaba resultando em uma classificação destes estudantes pelo que seriam talentos inatos dos mesmos.  Por se encontrar em fase de coleta de dados, o presente estudo, agora com bolsa da Fapesp, espera poder contribuir na ampliação das discussões acerca da compreensão sobre o processo de adaptação ao campo universitário de modo a favorecer a permanência e a formação dos estudantes.