Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
FATORES QUE INTERFEREM NA INSERÇÃO DE ALIMENTOS ECOLÓGICOS NA MERENDA ESCOLAR EM PEQUENOS E MÉDIOS MUNICÍPIOS PAULISTAS
Monia Theodoro Machado Ferraz, Ricardo Serra Borsatto

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


O direito do educando à alimentação escolar, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no Brasil, trata-se de uma garantia constitucional. Há atualmente o surgimento de um emergente ativismo alimentar, que chama a atenção para a necessidade de a alimentação escolar ser elaborada a partir de produtos saudáveis, culturalmente adequados e que sejam oriundos de sistemas produtivos mais sustentáveis. Desta forma, este projeto de pesquisa, através de uma pesquisa qualitativa, buscou identificar quais os fatores que interferem na inserção de alimentos ecológicos na merenda escolar de pequenos e médios municípios paulistas. Buscou-se também identificar a ocorrência da aquisição de alimentos ecológicos nos municípios estudados; compreender os fatores que limitam ou fomentam a aquisição de alimentos ecológicos nos municípios estudados; avaliar os entraves institucionais e operacionais, de acordo com os diferentes agentes envolvidos, ou seja, organização dos agricultores, gestores públicos locais, nutricionistas, merendeiras, etc., para a operacionalização do PNAE nos municípios. Ao todo foram selecionados oito municípios. Dois municípios com população de até 20.000 habitantes, dois com população entre 20.000 e 100.000 habitantes e dois com população entre 100.000 e 500.000 habitantes. Em cada estrato foi selecionado um município em que houve a aquisição de alimentos ecológicos via PNAE e outro no qual a aquisição não vinha ocorrendo. O estudo testou a hipótese de que nos municípios em que há compromisso por parte dos gestores públicos locais com a agricultura familiar e com a alimentação saudável, articulação institucional entre os setores do poder público local e organização social dos agricultores familiares, também há a inserção de alimentos ecológicos na merenda escolar. Por se tratar de uma política pública que envolve vários setores da sociedade, o programa é complexo e exige uma maior atenção por parte dos executores, dessa forma a participação de mais de uma secretaria dos municípios aumenta a eficácia do programa, como no caso de Buri e Botucatu, onde foram observados menos entraves, principalmente em relação a interação dos diversos atores sociais. Não há dúvida da importância de promover políticas públicas para a agricultura familiar, porém o que este estudo mostra, é que sem a participação dos atores locais, os resultados esperados dos formuladores de políticas serão muito inferiores, e ocorrerão distorções no processo operacional fora do escopo definido.

Palavras-chave


políticas públicas; agricultura familiar, mercado institucional, aklimentos orgânicos

Referências


BACCARIN, J. G. et al. Indicadores de Avaliação das Compras da Agricultura Familiar para Alimentação Escolar no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. ​Revista de Economia e Sociologia Rural​, v. 55, n. 1, p.103–122, jan. 2017.

 

Brasil. Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003. ​Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências​. Diário Oficial da União; 23 de dez.

 

Brasil. Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006. ​Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais​. Diário Oficial da União 2006; 24 de jul.

 

Brasil. Lei nº 11.947 de 16 de junho de 2009. ​Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica​. Diário Oficial da União 2009; 17 jun.

 

Brasil. Lei nº 12.512 de 14 de outubro de 2001. ​Institui o Programa de Apoio à Conservação Ambiental e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais; altera as Leis nºs 10.696, de 2 de julho de 2003, 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e 11.326, de 24 de julho de 2006.

 

Brasil. Ministério da Educação (MS). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). ​Alimentação Escolar​. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/>.

 

Brasil. Resolução/CD/FNDE nº 38 de 16 de julho de 2009. ​Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)​. Diário Oficial da União 2009; 17 jun.

 

FNDE. Resolução FNDE/CD/nº 32, de 10 de agosto de 2006. ​Estabelecer as normas para a execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar -PNAE​.

 

FNDE – FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO; Dados da Agricultura Familiar. Brasília-SP, 2017. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/pnae/pnae-consultas/pnae-dados-da-agricultura-familiar>

 

GRISA, C. SCHNEIDER, S. Três gerações de políticas públicas para a agricultura familiar e formas de interação entre sociedade e estado no Brasil. Rev. Econ. Sociol. Rural [online]. 2014, vol.52, suppl.1, pp.125-146. ISSN 0103-2003.

 

LOPES, JÚNIOR, E. C, et al. Desafio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) como instrumento de fortalecimento da agricultura familiar em pequenos municípios. ​Revista Assentamentos Rurais​, 2018. vol. 21. n.2.

 

MINAYO, M. C. S.; DESLANDES, S. F.; GOMES, R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002

 

PIPITONE, M.A.P, et al. Atuação dos conselhos municipais de alimentação escolar na gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar. ​Rev Nutr ​2003; 16 (Supl.2):143-154.

 

PORTO et al., School canteens in the Federal District, Brazil and the promotion of healthy eating.​ Rev Nutr ​2015; 28(1):29- 41.

 

PROCÓPIO, F. DE C.; OLIVEIRA, J. T. A. DE; BORSATTO, R. S. As dificuldades para a participação de assentamentos rurais no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): o caso de Itapeva/ SP. ​Revista Retratos de Assentamentos Rurais​, v. 18, n. 1, p. 361–382, 2015.

 

SOUZA-ESQUERDO, V.F. de. Relatório final pós-doutorado (01/05/2012 A 31/10/2013). São Paulo: Fapesp, 2013, 119 p. Processo Fapesp nº: 2010/10928-2. Supervisão: BERGAMASCO, S.M.P.P.

 

TRICHES e GRISA, C. Entre mudanças e conservadorismos: uma análise dos Programas de aquisição de Alimentos (PAA e PNAE) a partir da retórica de intransigência. ​Revista NERA​, Presidente Prudente, v. 18, n. 26, p. 10-27, jan./jun. 2015.

 

TRICHES e SCHNEIDER, S. Desestruturar para construir: interfaces para a agricultura familiar acessar o programa de alimentação escolar. ​Estudos Sociedade e Agricultura (UFRJ)​, Rio de Janeiro, ano 20, v. 1, p. 66-106, abr. 2012.