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FORÇA DOS MÚSCULOS DO QUADRIL E DO JOELHO, CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS COM E SEM OSTEOARTRITE PATELOFEMORAL ISOLADA
Leticia Mancini, Cristiano Carvalho, Paula Regina Mendes da Silva Serrão

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Introdução: No joelho, os compartimentos tibiofemoral e patelofemoral, ou ambos, podem ser acometidos pela osteoartrite (OA), sendo o compartimento patelofemoral o mais frequentemente afetado antes mesmo do tibiofemoral. Além disso, em comparação com a OA tibiofemoral medial, indivíduos com OA patelofemoral (OAPF) relatam mais incapacidade, sendo mais propensos a apresentar um início precoce de sintomas crônicos. Existe uma relação entre a OA no joelho e uma menor capacidade muscular, sendo o quadríceps femoral um dos músculos mais comprometidos. Entretanto, essa relação ainda é pouco estudada na OAPF. Outrossim, sabe-se que os músculos glúteo médio e máximo atuam excentricamente para resistir a adução e rotação medial do quadril durante atividades com suporte do peso corporal, mas nenhum estudo avaliou a força excêntrica desses músculos em pacientes com OAPF. Nesse contexto, uma menor capacidade muscular poderia prejudicar os indivíduos em suas atividades diárias, impactando assim, na qualidade de vida. Objetivo: Comparar a força muscular, capacidade funcional e qualidade de vida entre indivíduos com OAPF (GOAPF) e sem OAPF (grupo controle - GC). Metodologia: Estudo transversal, no qual foram incluídos indivíduos com e sem OAPF, de ambos os sexos, com idade entre 40 e 65 anos. Os picos de torque (PT) excêntrico máximo abdutor, extensor e rotador lateral do quadril assim como os torques concêntrico e excêntrico de joelho foram avaliados por meio de um dinamômetro isocinético Biodex Multi-Joint System 3. O PT isocinético foi normalizado pela massa corporal individual (PT / massa corporal * 100). Foram aplicados os testes funcionais de caminhada rápida de 40 metros, de subir e descer escada, e de sentar e levantar, além do questionário Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC). Para análise dos dados, foi utilizado o teste t Student para os dados com distribuição normal e o teste Mann-Whitney para aqueles que não tiveram distribuição normal. Foi adotado um nível de significância de 5% em todas as análises (α=0,05). Este estudo foi aprovado pelo CEP – UFSCar (CAAE: 96324918.4.0000.5504). Resultados: Foram avaliados 30 voluntários, sendo 16 indivíduos saudáveis e 14 com OAPF. Houve diferença significativa para idade entre os grupos (p=0,03), sendo os indivíduos com OAPF mais velhos que o controle. Com relação à força muscular do quadril, o GOAPF apresentou menor PT de abdutores (p=0,05). Entretanto, não houve diferença entre os grupos para os músculos extensores e rotadores laterais (p>0,05). Referente aos músculos extensores do joelho, o GOAPF apresentou menor PT nos modos concêntrico (p=0,006) e excêntrico (p=0,009). Na análise dos testes funcionais, O GOAPF apresentou pior desempenho em todos os testes (p≤0,006). Ademais, foram encontradas diferenças significativas para os domínios dor, rigidez, função física e pontuação total do questionário WOMAC, indicando uma diminuição na qualidade de vida em indivíduos com OAPF (p≤0,009). Conclusões: De acordo com os nossos resultados, indivíduos com OAPF apresentam comprometimento na força muscular dos abdutores do quadril e dos extensores do joelho, na função e na qualidade de vida quando comparados com indivíduos saudáveis.

Palavras-chave


função, fisioterapia, artrose

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