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JUSTIÇA OU VINGANÇA? UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DA CONSTRUÇÃO DO ATOR DA ENUNCIAÇÃO DO JUIZ SÉRGIO MORO NA SENTENÇA DE CONDENAÇÃO DO EX-PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Mariana Luz Pessoa de Barros, Rafaela Aparecida da Silva

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


O presente resumo tem o propósito de apresentar o seguinte trabalho de pesquisa:  “Justiça ou vingança? Uma análise semiótica da construção do ator da enunciação Sérgio Moro na sentença de condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. O objetivo de nossa pesquisa era, com base na semiótica de origem greimasiana, analisar o discurso do Juiz Sérgio Moro, ex-ministro da justiça, que levou à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para isso, o corpus foi formado a partir da sentença na qual o juiz Sérgio Moro entrevista o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seus amigos e sua defesa, questionando-os a respeito dos motivos da suposta compra do imóvel Triplex, e condenando o ex-presidente. A pesquisa fundamentou-se, sobretudo, nas reflexões de José Luiz Fiorin (1996) e de Norma Discini de Campos (2003) sobre enunciação e ethos, e dialogou com os trabalhos de Benveniste (1995) e Dominique Maingueneau (1995). O recorte da análise partiu da sentença de que o ex-ministro Sérgio Moro se valeu para condenar o ex-presidente Lula. Com vistas a dar conta de um material tão extenso, fizemos alguns recortes para que a análise ficasse mais aprofundada. Levando em consideração os estudos discursivos e a retórica, procuramos observar qual ethos é construído na fala do juiz Sérgio Moro e qual é o estilo que projeta no texto em questão por meio das recorrências de um modo próprio de dizer. Sendo assim, ao ler a sentença, percebemos a recorrência de figuras e temas, bem como certas projeções da enunciação, que nos ajudaram a vislumbrar o ethos do então juiz. Observamos de que modo se constrói sua competência como juiz (emprego de metalinguagem jurídica uso de debreagens e embreagens enuncivas que criam efeito de objetividade, emprego da norma culta em registro formal, etc.); observamos a construção do equilíbrio do juiz em oposição ao desequilíbrio atribuído à defesa de Lula e ao próprio Lula; depreendemos ainda o tema da superioridade moral do juiz e, por fim, a construção do herói. É preciso enfatizar que todos esses aspectos de sua imagem projetada são construídos a partir de uma aparente despassionalização do discurso. No entanto, vemos que essa despassionalização e mesmo o equilíbrio são efeitos mais superficiais, pois observamos a construção da imagem do herói superlativo, “salvador da pátria”, que enfrenta grandes perigos em sua missão: não há equilíbrio aqui, mas exagero. Por fim, chegamos à seguinte pergunta: justiça ou vingança? Tanto a vingança quanto a justiça, do ponto de vista da semiótica das paixões, são uma forma de retribuição negativa ou também uma punição, que é aplicada por um Destinador dotado de um poder-fazer absoluto, sendo que a justiça se apresenta como desapaixonada, ao contrário da vingança. O ex-juiz Sérgio Moro constrói a imagem de que teria sofrido danos supostamente causados pelo ex-presidente, por isso, ele passa uma imagem de um juiz vingativo, conforme pudemos observar por meio da análise.

Palavras-chave


semiótica das paixões; discurso político; ethos