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Processos de Resiliência em Crianças e Adolescentes Diagnosticados com Câncer: Uma Revisão Sistemática de Literatura
Viviana Lanfranchi Santos, Alex Sandro Gomes Pessoa

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Introdução: Crianças e adolescentes com diagnóstico de câncer experienciam diversos fatores estressores, sejam esses físicos, psicológicos, sociais e/ou espirituais, os quais podem se caracterizar como fatores de risco para o desenvolvimento e para a qualidade de vida desses indivíduos. A resiliência pode ser observada em diversos pacientes com esse diagnóstico e se constitui como um importante mecanismo de enfrentamento do processo do adoecer. Os processos de resiliência podem ser facilitados pela realização de intervenções, sendo que ações desse porte podem se tornar fatores protetivos ao longo do curso da doença.

 

Objetivo: Diante disso, o objetivo desta investigação foi realizar uma revisão sistemática da literatura para compreender como o fenômeno da resiliência é estudado em crianças e adolescentes com diagnóstico e em tratamento do câncer.

 

Metodologia: Para assegurar o rigor metodológico, recorreu-se às diretrizes do protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis), o que permitiu o desenvolvimento de dois estudos. Enfatizou-se, no primeiro estudo, as estratégias metodológicas de investigação com essa população. Já o segundo estudo visou a realização da caracterização acerca das intervenções, documentadas e validadas cientificamente, que promovem resiliência no grupo supracitado. Elegeu-se as seguintes bases de dados: PUBMED, PsycINFO, SciELO, PePSIC, LILACS e IndexPsi. Não foram definidos intervalos de tempo para as buscas e as publicações selecionadas foram redigidas em português, espanhol e inglês. Após a busca, os critérios de inclusão e de exclusão foram aplicados, selecionando 31 e 6 artigos, respectivamente no Estudo 1 e Estudo 2. A análise dos artigos foi feita a partir de categorias temáticas previamente definidas.

 

Resultados: Metodologicamente, percebeu-se um predomínio de pesquisas quantitativas com delineamento transversal, o que pode limitar a visão acerca de um fenômeno tão complexo quanto a resiliência. Apesar disso, identificou-se uma diversidade nos instrumentos utilizados para estudá-la, de maneira a abranger variados construtos associados à resiliência e ao contexto das crianças e dos adolescentes com câncer. Foram identificadas apenas duas intervenções focadas nessa população, o que evidencia uma área ainda pouco explorada, dada a grande demanda existente desse grupo de pessoas. Mesmo em número reduzido, as intervenções estudadas se mostraram efetivas na melhora da qualidade de vida das crianças e dos adolescentes participantes das pesquisas, assim como nos indicadores de resiliência apresentados por eles. Todos os estudos analisados apresentam limitações significativas, normalmente, relacionadas com a representatividade da amostra e a generalização dos resultados.

 

Conclusões: O fenômeno da resiliência é complexo e multifatorial, exigindo estudos que a compreendam de forma contextual. As predominâncias observadas nas revisões geram um conhecimento restrito a uma realidade histórico-cultural específica. Portanto, são necessários estudos com amostras mais heterogêneas, em diferentes contextos. Recomenda-se, ainda, um investimento nas pesquisas longitudinais, de natureza qualitativa ou fundamentadas na abordagem do mixed-methods e que foquem também na população infantil. Dessa forma, será possível obter um conhecimento mais verossímil sobre os processos de resiliência, o que permite o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e de intervenções promotoras de resiliência para garantir qualidade de vida e desenvolvimento saudável às crianças e aos adolescentes com câncer.

Palavras-chave


Resiliência; Crianças; Adolescentes; Diagnóstico de Câncer; Revisão Sistemática da Literatura

Referências


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