Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
USABILIDADE DE RECURSOS DE TECNOLOGIA ASSISTIVA DE BAIXO CUSTO E SUA INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA E INDEPENDÊNCIA FUNCIONALNADOENÇADE PARKINSON
Paulo Yusuke Kanno, ANNA CAROLYNA GIANLORENCO

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é definida como uma desordem neurodegenerativa e tem como sintomas principais: bradicinesia, tremor de repouso, rigidez, instabilidade postural e da marcha. Esses sintomas levam a limitações nas atividades de vida diária (AVD’s), e consequentemente, geram vergonha, ansiedade, risco de depressão, timidez em espaços públicos e isolamento social, além de diminuição da qualidade de vida. Em decorrência dessas limitações, equipamentos de tecnologia assistiva (TA) são cada vez mais utilizados para ajudar os pacientes com DP em suas AVD’s. No entanto, o uso das TA’s ainda é baixo no Brasil, por conta do desconhecimento dos profissionais de saúde sobre o seu uso e pelo alto custo desses equipamentos no mercado.  Objetivos:O objetivo principal do trabalho foi avaliar a usabilidade das TA’s de baixo custo para auxílio de pacientes com DP em situações de vida diária, focando em sua satisfação. Além disso, avaliamos o seu impacto na independência funcional do paciente e possíveis efeitos em sua qualidade de vida, pós intervenção e após 3 meses da intervenção.Metodologia:18 indivíduos com DP foram selecionados e randomizados em dois grupos:intervenção (TA) e controle. Os participantes foram avaliados por meio da Escala de Hoehn e Yahr modificada, Mini Exame do Estado Mental, Escala Unificada de avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS), Questionário da Doença de Parkinson (PDQ-39) e Medida de Independência Funcional (MIF) pré intervenção.Um kit com equipamentos de baixo custo foi desenvolvido e entregue aos participantes do grupo TA, visando auxiliar em AVD’s como escovar os dentes, tomar banho, pentear o cabelo, lavar as mãos, beber água e se alimentar. Após 30 dias, os indivíduos foram novamente avaliados com a UPDRS, PDQ-39, MIF e pelo Questionário B-quest para o grupo intervenção (TA). Além disso, após três meses eles foram submetidos a um seguimento com os mesmos questionários da última avaliação. Para análise estatística foi utilizado o teste de normalidade de Shapiro–Wilk, e de Wilcoxon – Mann Whitney para os dados que apresentaram distribuição não-normalResultados: De acordo com o questionário B-quest, os itens conforto e serviços profissionais foram avaliados com 100% de satisfação, dimensão, peso, ajustes, segurança, durabilidade, facilidade de uso, eficácia e entrega tiveram boa satisfação e reparos/assistência e serviços de acompanhamento tiveram menor satisfação. Porém, não houve diferença significativa na qualidade de vida e na independência funcional entre os dois grupos após 30 dias e ou 3 meses de após a intervenção. Conclusões: Concluímos que os indivíduos com DP apresentaram elevado grau de satisfação com os dispositivos de TA. Entretanto não houve diferença significativa na independência funcional e na qualidade de vida destes participantes. A TA de baixo custo pode ser um recurso eficaz, entretanto, faz-se necessário mais estudos na área com maior número amostral para melhor análise do material e usabilidade desses produtos.


Referências


OBESO, J.A. et al. Past, present, and future of Parkinson's disease: A special essay on the 200th Anniversary of the Shaking Palsy. Movement Disorders, [s.l.], v. 32, n. 9, p.1264-1310, set. 2017. Wiley.

 

KALIA, Lorraine V; LANG, Anthony e. Parkinson's disease. The Lancet, [s.l.], v. 386, n. 9996, p.896-912, ago. 2015. Elsevier BV.

 

MACHADO, Angelo B.M.; HAERTEL, Lúcia Machado. Neuroanatomia funcional. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2006. 360 p.

BECK, Goichi; SINGH, Arun; PAPA, Stella M..Dysregulation of striatal projection neurons in Parkinson’s disease. Journal Of Neural Transmission, [s.l.], v. 125, n. 3, p.449-460, 15 jun. 2017. Springer Nature.

 

DELAMARRE, Anna; MEISSNER, WassiliosG.. Epidemiology, environmental risk factors and genetics of Parkinson's disease. La Presse Médicale, [s.l.], v. 46, n. 2, p.175-181, mar. 2017. Elsevier BV.

 

SVEINBJORNSDOTTIR, Sigurlaug. The clinical symptoms of Parkinson's disease. Journal Of Neurochemistry, [s.l.], v. 139, p.318-324, 11 jul. 2016. Wiley.

 

BLOEM, Bastian R., DE VRIES, Nienke M. EBERSBACH, George. Nonpharmacological treatments for patients with Parkinson’s disease. MovementDisorders, v. 30, n. 11, p. 1504-1520, 2015.

 

WITT, K. et al. NichtmedikamentöseTherapieverfahrenbeimMorbus Parkinson. Der Nervenarzt, v. 88, n. 4, p. 383-390, 2017.

SHULMAN, Lisa M. et al. Randomized Clinical Trial of 3 Types of Physical Exercise for Patients With Parkinson Disease. Jama Neurology, [s.l.], v. 70, n. 2, p.183-190, 1 fev. 2013. American Medical Association (AMA).

 

ENCA, Marcello et al. Intelligent Assistive Technology for Alzheimer’s Disease and Other Dementias: A Systematic Review. Journal Of Alzheimer's Disease, [s.l.], v. 56, n. 4, p.1301-1340, 20 fev. 2017. IOS Press.

 

ROSQVIST, K. et al. Factors associated with life satisfaction in Parkinson's disease. Acta NeurologicaScandinavica, [s.l.], v. 136, n. 1, p.64-71, 10 out. 2016. Wiley.

 

Radder, D. L. M., Sturkenboom, I. H., van Nimwegen, M., Keus, S. H., Bloem, B. R., & de Vries, N. M. (2017). Physical therapy and occupational therapy in Parkinson’s disease. International Journal of Neuroscience, 127(10), 930–943.

 

Moreira, R. C., Zonta, M. B., Araújo, A. P. S. de, Israel, V. L., & Teive, H. A. G. (2017).Quality of life in Parkinson’s disease patients: progression markers of mild to moderate stages. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 75(8), 497–502.

Van Uem, J. M. T., Marinus, J., Canning, C., van Lummel, R., Dodel, R., Liepelt-Scarfone, I., … Maetzler, W. (2016). Health-Related Quality of Life in patients with Parkinson’s disease—A systematic review based on the ICF model. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, 61, 26–34.

Da Silva, F. C., da Rosa Iop, R., dos Santos, P. D., de Melo, L. M. A. B., Filho, P. J. B. G., & da Silva, R. (2016). Effects of Physical-Exercise-Based Rehabilitation Programs on the Quality of Life of Patients With Parkinson’s Disease: A Systematic Review of Randomized Controlled Trials. Journal of Aging and Physical Activity, 24(3), 484–496.

Hersh, M. A. & Johnson, M. A. On modelling assistive technology systems–Part I: modelling framework. Technology and Disability2008, 20, 193–215.

Chang, Y., Wang, L.-B., Li, D., Lei, K., & Liu, S.-Y. (2017). Efficacy of rasagiline for the treatment of Parkinson’s disease: an updated meta-analysis. Annals of Medicine, 49(5), 421–434.

Arthanat, S., Elsaesser, L.-J., & Bauer, S. (2017). A survey of assistive technology service providers in the USA. Disability and Rehabilitation: Assistive Technology, 12(8), 789–800.

Arthanat, S., Simmons, C. D., & Favreau, M. (2012). Exploring occupational justice in consumer perspectives on assistive technology. Canadian Journal of Occupational Therapy, 79(5), 309–319.

de Souza, B. R,Lourenço, G. F.,Calheiros, D. dos S. Concepção e utilização da tecnologia assistva por profissionais da área da saúde. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional – REVISBRATO. v. 1, n. 3 (2017)

MELLO, MAF. A Tecnologia Assistiva no Brasil. In: Anais do 1. FÓRUM DE TECNOLOGIA ASSISTIVA E INCLUSÃO SOCIAL DA PESSOA DEFICIENTE; 2006 mar 30 a abr 01; Belém, Brasil. Belém: Universidade Estadual do Pará; 2006. p. 05-10.

HOHMANN, P.; CASSAPIAN, M. R. Adaptações de baixo custo: uma revisão de literatura da utilização por terapeutas ocupacionais brasileiros. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, 2011, v. 22, n. 1, p. 10-18.

Tiago, M. S. F., Almeida, F. O., Santos, L. S., & Veronezi, R. J. B. (2010). Instrumentos de avaliação de qualidade de vida na doença de Parkinson. Revista Neurociências, 18(4), 538-543.

ALMEIDA, Osvaldo P. Mini exame do estado mental e o diagnóstico de demência no Brasil. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, [S.L.], v. 56, n. 3, p. 605-612, set. 1998.

MELLO, Marcella Patrícia Bezerra de; BOTELHO, Ana Carla Gomes. Correlação das escalas de avaliação utilizadas na doença de Parkinson com aplicabilidade na fisioterapia. Fisioterapia em Movimento, [S.L.], v. 23, n. 1, p. 121-127, mar. 2010.

Regnault, A et al. Does the MDS-UPDRS provide the precision to assess progression in early Parkinson’s disease? Learnings from the Parkinson’s progression marker initiative cohort. Journal of Neurology.2019, v.266, n.8, p 1927–1936.

LANA, R. C. et al. Percepção da qualidade de vida de indivíduos com doença de parkinson através do PDQ-39. Rev. bras. fisioter. [online].2007, vol.11, n.5, pp.397-402.

Sachetti, A., Silva Quintella, R., Wibelinger, L. M., & Gemelli de Oliveira, S. Qualidade de vida e funcionalidade na doença de Parkinson. Revista Brasileira De Ciências Do Envelhecimento Humano, 2013; v.10; n.1; p.104-112.

CARVALHO, Karla Emanuelle Cotias de; GOIS JÚNIOR, Miburge Bolívar; SÁ, Katia Nunes. Tradução e validação do Quebec User Evaluation of Satisfaction with Assistive Technology (QUEST 2.0) para o idioma português do Brasil. Revista Brasileira de Reumatologia, [S.L.], v. 54, n. 4, p. 260-267, jul. 2014. Springer Science and Business Media LLC.