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O EFEITO DA DIETA NO CRESCIMENTO E SOBREVIVÊNCIA DE POMACEA FIGULINA (SPIX IN WAGNER, 1827) (GASTROPODA, CAENOGASTROPODA, AMPULLARIIDAE)
Fernanda Campos dos Santos, Eliane Pintor Arruda

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Pomacea figulina (Spix in Wagner, 1827) é uma espécie de gastrópode de água doce capaz de reproduzir-se o ano todo em laboratório. A ovoposição ocorre acima do nível de água, e a eclosão ocorre após cerca de 15 dias. Alimentam-se de vegetação aquática, mas são considerados como generalistas. Possuem curto ciclo de vida e rápido crescimento, apresentando grande potencial para atuar como indicador em bioensaios ecotoxicológicos. Os bioensaios devem ser padronizados para garantir sua reprodutibilidade, e Organizações como a International Organization for Standardization encarregam-se de desenvolver protocolos de testes de toxicidade utilizando organismos modelos. O objetivo desse projeto foi obter uma dieta que permita maior crescimento e sobrevivência a P. figulina, auxiliando na formação de um protocolo para criação da espécie, para utilizá-la como organismo bioindicador. As desovas de P. figulina, coletadas na Represa de Itupararanga, foram inseridas em bandejas com água e isopor, reservadas em uma incubadora BOD a 24ºC. Após a eclosão, os animais foram mantidos no local por mais sete dias, e então foram transferidos a aquários tipo beteiras para aclimatação. As beteiras foram inseridas em caixas organizadoras contendo um termostato a 24ºC. Cada beteira foi preenchida com 1 litro de água tratada, e esta era trocada três vezes por semana, sendo uma troca parcial. Para aumentar a dureza da água, aplicou-se 340 mg de CaSO4 172,17g/mol. A alimentação individual era de 0,07g, com oferta constante. A dieta 1 consistia de couve orgânica picada; dieta 2, ração para peixes, e dieta 3, uma mistura de 75% ração e 25% couve. O comprimento dos animais foi medido semanalmente, do ápice da concha até sua extremidade oposta mais distante, utilizando uma câmera associada a um estereomicroscópio. Mediu-se a amônia e dureza da água com testes para aquário, e pH, com um pHmetro semanalmente. Além disso, duas beteiras foram selecionadas aleatoriamente para medidas diárias de amônia. Para obter as taxas de crescimento utilizou-se a fórmula: G = (Wt – Wi ) / t; G = taxa de crescimento; Wt = tamanho no período de amostragem; Wi = tamanho inicial; t = tempo (semanas). As taxas de crescimento foram inseridas no software Past, onde realizou-se análises tipo One-way ANOVA, Tukey e Shapiro-Wilk. A taxa de sobrevivência de cada tratamento foi calculada através do percentual de animais vivos ao final do experimento. O teste Anova também foi aplicado a esse dado. Somente o tratamento 1 não apresentou uma distribuição normal. Os tratamentos 2 e 3 apresentaram maior crescimento. Houve variabilidade de médias entre os tratamentos de acordo com o teste ANOVA. O teste Tukey detectou diferenciação somente no tratamento 1. O tratamento 1 apresentou menor mortalidade. O Teste Tukey detectou uma diferenciaça na sobrevivência no tratamento 3. Tratando-se da amônia, no tratamento 1 a média obtida foi de 0,057 ppm, enquanto para o tratamento 2 foi de 0,780, e para o tratamento 3 obteve-se a média de 0,407. Portanto, as dietas 2 e 3, por possuírem maior quantidade de proteínas, apresentaram melhor taxa de crescimento para P. figulina.




Palavras-chave


Mollusca, Gastropoda, dieta, bioindicador, crescimento

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