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Avaliação dos modelos experimentais de retalho cutâneo randômico dorsal em ratos: uma revisão sistemática
Lara Maria Bataglia Espósito, Maria Carolina Derêncio Oliveira, Richard Eloin Liebano

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Introdução: Retalho cutâneo randômico consiste em uma das técnicas mais frequentemente utilizada na cirurgia plástica, no intuito de reconstruir defeitos cutâneos causados por úlceras, feridas, excisões tumorais, doenças congênitas e traumas. O primeiro modelo experimental foi descrito em 1965, na intenção de se estudar a prevenção da necrose tecidual, uma significante complicação que pode resultar na falha do procedimento cirúrgico. Desde então, diversos autores vêm se dedicando ao estudo da viabilidade do retalho cutâneo, dado que a literatura expõe uma ampla variedade de modelos experimentais: dimensões diversas, uso ou não de barreira plástica interposta entre o leito vascular e o retalho, tipo de pedículo e suas bases distal e/ou proximal. Mediante essas características do modelo experimental de retalho cutâneo randômico, nota-se que ainda não está estabelecido um modelo que seja mais adequado para investigar os aspectos e tratamentos relacionados à necrose tecidual, e consequentemente à viabilidade dos retalhos. Objetivo: Abordar e expor sistematicamente os parâmetros cirúrgicos de retalho cutâneo randômico dorsal, no intuito de destacar um modelo de retalho mais propício para melhor investigar fatores e tratamentos relacionados à necrose. Metodologia: A seleção dos estudos foi realizada por meio do Medical Subject Headings (MeSH): skin flap AND necrosis AND rats. Foram consultadas as principais bases de dados (Pubmed, Biblioteca Cochrane e LILACS), sem um período inicial fixo até outubro de 2020, sendo incluídos estudos que utilizaram o modelo experimental de retalho cutâneo randômico dorsal realizado em ratos e que possuíam grupo controle com avaliação quantitativa da necrose tecidual. Foram excluídos estudos que utilizaram retalho cutâneo axial ou que mantiveram qualquer tipo de conexão vascular, como também estudos que executaram retalhos em outras partes do corpo do rato, retalhos não cutâneos, e que utilizaram outros tipos de animais. Ainda, foram excluídos estudos clínicos e aqueles que não apresentavam informações necessárias para contribuírem com o modelo experimental investigado e referentes à necrose. Resultados: A busca identificou 714 registros, sendo incluídos 303 artigos; desses, 52 foram mantidos devido suas contribuições na descrição do modelo experimental e 251 entraram na análise da necrose tecidual. Em relação ao tipo de pedículo, 299 estudos realizaram o monopediculado e apenas 4 o bipediculado. No que se refere a dimensão do retalho, a mais explorada da relação comprimento versus largura foi a de 9x3 centímetros (77 registros). Já sobre a base utilizada, tem-se maior uso de base caudal (184 registros). Quanto a colocação de barreira plástica, foram observados 241 artigos que não a colocaram. Todavia, 8 artigos se destacaram por apresentarem necrose superior a 70% com as seguintes características: retalhos monopediculados, com predominância de base cranial (6 registros), sem colocação de barreira plástica (6 registros) e comprimentos maiores com larguras reduzidas apresentando valores elevados de necrose. Conclusão: Constatou-se que o uso da barreira plástica não se faz necessário, como também que o retalho de base cranial, monopediculado e que comprimento maior com largura reduzida parece ser o modelo mais propício para estudos que visam investigar fatores e tratamentos relacionados à necrose.


Palavras-chave


retalhos cirúrgicos; necrose

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