Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
Análise ecofisiológica da dormência em gemas de macieira no Estado de São Paulo
Robson Ryu Yamamoto, Geovanna Taeko Rodrigues Moreira, Daniel Silveira Pinto Nassif

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


O Brasil é o nono maior produtor de maçã (Malus domestica Borkh) mundial. Sua produção é extremamente dependente das características variáveis meteorológicas, principalmente a temperatura. Essa cultura durante o ano é submetida a uma condição fisiológica denominada dormência, cujo necessita de baixas temperaturas para que aconteça de forma satisfatória. Esse evento é necessário para a planta suspender temporariamente o crescimento vegetativo e acumule frio o bastante para sua plena frutificação e floração. O objetivo principal foi indicar a relação do acúmulo de frio e a intensidade da dormência das macieiras cultivadas no sudoeste paulista. A análise biológica de ramos de única gema fora submetida ao frio natural e complementar dentro de geladeiras por horas determinadas. Posteriormente foram incubadas em estufas Biochemical Oxygen Demand com temperatura e fotoperíodo ideais para quebra de dormência. Para a construção do mapa agroclimático demonstrativo do modelo matemático de Horas de Frio, realizou-se um banco de dados com temperaturas históricas e interpolação por meio da Ponderação pelo Inverso da Distância (IDW). Os resultados obtidos primeiramente com o frio natural demonstraram diferenciação dos tempos de quebra de dormência entre as coletas, já que a primeira aconteceu no ápice da dormência o qual influenciou no aumento dos dias, e a última houve uma diminuição do tempo. Em relação ao tempo médio de brotação das estacas submetidas ao tratamento de frio complementar com diferentes Horas de Frio, observou-se menor a quantidade de dias e horas de frio para a superação da dormência da última coleta. Já durante a primeira coleta, obteve-se seis tratamentos de frio complementar diferentes, cujo a segunda menor quantidade de horas de frio teve o menor tempo médio de brotação. E por fim, o tempo médio de brotação com frio natural demonstrou maior rapidez em gemas basais. E com o frio complementar, as gemas basais, a partir do terceiro tratamento, superou mais rápido. O mapa culminou em demonstrar as regiões diferindo em relação ao seu acúmulo de horas de frio, que seguiu o Modelo Matemático de Horas de Frio, o qual considera-se temperaturas inferiores a 7,2ºC. Logo, a última coleta realizada na última fase da dormência resultou em uma quebra muito mais rápidas, as gemas submetidas ao frio natural. O frio complementar realizado durante a primeira coleta não se mostrou eficaz pois as fases da dormência devem ser respeitadas. As gemas basais tiveram menor tempo médio de brotação.


Palavras-chave


Acúmulo de Frio; Dinâmica da dormência; Inverno ameno; Modelagem; Mudanças Climáticas.

Referências


ADHIKARI, L.; RAZAR, R. M.; PAUDEL, D.; et al. Insights into seasonal dormancy of perennial herbaceous forages. American Journal of Plant Sciences, v. 8, p. 2650-2680, 2017.

ANZANELLO, R.; FIALHO, F. B.; SANTOS, H. P.; et al. Bud dormancy in apple trees after thermal fluctuations. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.49, n.6, 2014.

ARAUJO, M. M. V.; PIRES, D. A.; JARDINI, D. C.; et al. Estimativa de produção das culturas de soja e milho através de parâmetros agroclimáticos. Revista Agrarian, v. 10, n. 38, p. 311-320, 2017.

ARORA, R.; ROWLAND, L. J.; TANINO, K. Induction and Release of bud dormancy in woody perennials: A Science Comes of Age. HortScience, v.38, n.5, 2003.

ASHEBIR, D.  DECKERS, T.; NYSSEN, J.; et al. Growing apple (Malus domestica) under tropical mountain climate conditions in Northern Ethiopia. Experimental Agriculture, v.46, p.53-65, 2010.

AUGUSTIN, B.; CRUZ, C. T. Custos de produção e expectativas de retorno associados a produção de um hectare de maçã no planalto norte Catarinense. Ágora, v. 20, n. 1, p. 105-121, 2015.

BENNETT, T.; SIEBERER, T.; WILLET, B.; et al. The Arabidopsis MAX pathway controls shoot branching by regulating auxin transport. Current Biology, v.16, p.553-563, 2006.

CARBONIERI, J.; MORAIS, H.; CARAMORI, P. H.; et al. Acúmulo de horas e unidades de frio em Palmas, PR. XVIII Congresso Brasileiro de Agrometeorologia, Universidade Federal do Pará, 2013.

CARVALHO, R. I. N.; BIASI, L. A.; ZANETTE, F.; et al. Endodormência de gemas de pessegueiro e ameixas em região de baixa ocorrência de frio. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 32, n. 3, p. 769-777, 2010.

CARVALHO, R. I. N; BIASI, L. A. Índice para avaliação da intensidade de dormência de gemas de fruteiras de clima temperado. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 34, n. 3, p. 936-940, 2012.

CARVALHO, T. O.; CONCEIÇÃO, R. S.; SILVA, J. A. S. S.; et al. Análise da temperatura do ar, precipitação, evapotranspiração e índice hídrico do munícipio de Itapetinga-BA. Revista REGNE, v. 2, n. especial, p. 344-353, 2016.

CHAO, W. S.; FOLEY, M. E.; HORVATH, D. P.; et al. Signals regulating dormancy in vegetative buds. International Journal of Plant Developmental Biology, v.1, n.1, p.49-56, 2007.

CITADIN, I.; RASEIRA, M. C. B.; HERTER, F.G.; et al. Avaliação da necessidade de frio no pessegueiro. Revista Brasileira de Fruticultura, v.24, n.3, 2002.

CLINE, M. G.; DEPPONG, D. O. The role of apical dominance in paradormancy of temperate woody plants: a reappraisal. Journal of Plant Physiology, v. 155, n. 3, p. 350-356, 1999.

CNA. Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Fruticultura: Balanço 2016. Perspectivas 2017. Disponível em: <http://www.cnabrasil.org.br/>.  Acesso em: 24 abr. 2019.

COOKE, J. E. K.; ERIKSSON, M. E.; JUNTTILA, O. The dynamic nature of bud dormancy in trees: environmental control and molecular mechanisms. Plant, Cell & Environment, v.35, p. 1707-1728, 2012.

DENNIS JR, E. G. Problems in Standardizing Methods for Evaluating the chilling requirements for the breaking dormancy in bud of woody plants. HortScience, v.38, n.3, 2003.

EREZ, A.; COUVILLON, G. A.; HENDERSHOTT, C. H. Quantitative chilling enhancement and negation in peach buds by high temperatures in a daily circle. Journal of American Society for Horticultural Science, v.104, 1979.

FAOSTAT. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Crops and processed, 2016. Disponível em: <http://www.faostat.fao.org>. Acesso em: 07 fev. 2019.

HAWERROTH, F. J.; HERTER, F. G.; PETRI, J. L et al. Dormência em frutífera de clima temperado. Pelotas: EMBRAPA CLIMA TEMPERADO (Documento 310). 2010. 56 p.

INMET. Agrometeorologia dos Cultivos: O fator meteorológico na produção agrícola. Instituto Nacional de Meteorologia, ed. 1, p. 530, 2009.

LANG, G. A.; EARLY, J.; DARNELL, R. Endo-, para-, and ecodormancy: Physiological terminology and classification for dormancy research. HortScience, v. 22, n. 3, p. 371-377, 1987.

LEYSER, O. Molecular genetics of auxin signaling. Annual Review of Plant Biology, v.53, p.377-398, 2002.

LIU, C.; HAN, M.; ZHANG, L. The effects of fertilizer application at early summer on growth, yield and quality of Fuji apple in Weibei Highland. Agricultural Research, v.26, p.124-137, 2008.

LOPES, P. R. C.; OLIVEIRA, I. V. M.; SILVA-MATOS, R. R. S.; et al. Caracterização fenológica, frutificação efetiva e produção de maçãs ‘EVA’ em clima semiárido no nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Fruticultura, v.34, n.4, p.1277-1283, 2012.

LOPES, P.M.O.; VALERIANO, D.M. Regimes de temperatura do ar em região montanhosa. Revista Geográfica Acadêmica, v.3, n.2, p.57-67,2009.

MALAGI, G.; SACHET, M. R.; CITADIN, I.; et al. The comparison of dormancy in apple trees grown under temperate and mild winter climates imposes a new interpretation of classical approaches. Trees - Structure and Function, v. 29, n. 5, p. 1365-1380, 2014.

MAUGET, J.C. Dormance des bourgeons chez les arbres fruitiers de climat tempéré. In: LE GUYADER H. Le développement des végétaux. Aspects théoriques et synthétiques. Paris: Masson, p.133-150, 1987.

MCSTEEN, P.; LEYSER, O. Shoot branching. Annual Review of Plant Biology, v.56, p.353-374, 2006.

NJUGUNA, J. K.; LEONARD, S. W.; TEDDY, E. M. Temperate fruits production in the tropics: a review on apples in Kenya. HortScience, v.39, p.841-841, 2004.

NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V. H. V.; BARROS, N. F et al. Fertilidade do Solo. Sociedade Brasileira de Ciências do Solo, ed. 1, 2007.

Purvis, O.N. The physiological analysis of vernalization. Encycl. Plant Physiol., v.16, p.76– 122, 1961.

PUTTI, G. L.; PETRI, J. L.; MENDEZ, M. E. Temperaturas efetivas para a dormência da macieira (Malus domestica Borkh). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 25, n. 2, p. 210-212, 2003.

RINNE, P.; HÄNNINEN, H.; KAIKURANTA, P.; et al. Freezing exposure releases bud dormancy in Betula pubescens and B. pendula. Plant, Cell and Environment, v.20, 1997.

ROHDE, A., PRINSEN, E., DE RYCKE, R., et al. PtABI3 impinges on the growth and differentiation of embryonic leaves during bud set in poplar. Plant Cell, v.14, p.1885–1901, 2002.

ROLIM, G. S.; CAMARGO, M. B. P.; LANIA, D. G et al. Classificação climática de Koppen e de Thornthwaite e sua aplicabilidade na determinação de zonas agroclimáticas para o Estado de São Paulo. Bragantia, v.66, n.4, p.711-720, 2007.

RUONALA, R., RINNE, P.L.H., BAGHOUR, M., et al. Transitions in the functioning of the shoot apical meristem in birch (Betula pendula) involve ethylene. Plant J, v.46, p.628–640, 2006.

RUTTINK, T.; AREND, M. MORREEL, K.; et al. A molecular timetable for apical bud formation and dormancy induction in poplar. The Plant Cell, 2007.

SALTVEIT, M. E.; JR, W. C. Auxin transport in Dracaena marginata stems. American Society HortScience, v.108, 1983.

SCHWARTZ, S. H.; QIN, X.; LOEWEN, M. C. The biochemical characterization of two carotenoid cleavage enzymes from Arabidopsis indicates that a carotenoid-derived compound inhibits lateral branching. The Journal of Biological Chemistry, v.279, p.46940-46945, 2004.

STEFFENS, C. A.; BRACKMANN, A.; PINTO, J. A. V.; et al. Taxa respiratória de frutas de clima temperado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 3, p. 313-321, 2007.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Artmed, Porto Alegre, ed. 5, p. 954, 2013.

THIMANN, K.; SKOOG, F. Studies on the growth hormone of plants. III: the inhibitory action of the growth substance on bud development. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.19, p.714-716, 1933.

USDA. United States Department of Agriculture. Foreign Agricultural Service. Production, supply and distribution. Disponível em: <https://apps.fas.usda.gov/psdonline/app/index.html#/app/advQuery>. Acesso em: 19 abr. 2019.

WEINBERGER, J. H. Prolonged dormancy of peaches. Proceedings of the American Society for Horticultural Science, v. 56, p. 129-133, 1950.

WEISER, C.J. Cold resistance and injury in woody plants. Science, v.169, p.1269–1278, 1970.

YAMAGUCHI, R., NAKAMURA, M., MOCHIZUKI, N., et al. Light‐dependent translocation of a phytochrome B‐GFP fusion protein to the nucleus in transgenic ArabidopsisJ. Cell Biol., n.145, p.437– 445, 1999.

ZHANG, Z.; ZHUO, X. Z.; ZHAO, K.; et al. Transcriptome profiles reveal the crucial roles of hormone and sugar in the bud dormancy of Prunus mume. Scientific Reports, v.8, 2018.