Portal de Eventos CoPICT - UFSCar, XXVII CIC e XII CIDTI

Tamanho da fonte: 
INTEGRAÇÃO DE MATERIAIS GENÉTICOS, CONTROLE QUÍMICO E ADUBAÇÃO NITROGENADA NO DESENVOLVIMENTO DAS DOENÇAS NO MILHO, VISANDO SUSTENTABILIDADE
Victor Henrique Godoi, Waldir Cintra de Jesus Júnior, Flávio Sérgio Afferri

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


Inicialmente, o projeto consistia na ideia da realização de uma análise comparativa entre os materiais transgênico e convencional de cultivares de milho, a partir da perspectiva dos quesitos da eficiência produtiva e a sustentabilidade oferecida por eles. Esta análise seria desenvolvida com base nas escalas descritivas para a quantificação da incidência de doenças, bem como a de danos de praga, esta, por sua vez, ocasionados pela Spodoptera frugiperda, comumente denominada por Lagarta do Cartucho. Dessa forma, fora realizado o processo de semeadura, seguindo o delineamento inicialmente proposto, de blocos casualizados com três repetições, sendo cada parcela composta por 3 linhas de plantio com espaçamento de 1 metro e 0,5 metros, compostos por 10 plantas cada, onde as avaliações serão realizadas em 3 plantas marcadas, na linha central de cada parcela. Entretanto, em função da pandemia em vigência, a Universidade Federal de São Carlos, através da Portaria GR de nº 4380, suspendeu toda e qualquer atividade acadêmica desenvolvida em seus campis, situação qual veio a impossibilitar a utilização de materiais necessários, influenciando diretamente no desenvolvimento da pesquisa científica. Dentro deste contexto, com o objetivo de contornar toda problemática, optou-se pela realização de uma revisão bibliográfica a cerca dos temas centrais, Adubação Nitrogenada, Uso de Controle Químico e o Transgênico e a Sustentabilidade Oferecida. Este primeiro, demonstra a importância do balanceamento nutricional da cultura, sobre tudo a que se refere ao Macronutriente Nitrogênio, por estar diretamente associado a eventos fisiológicos que, em suma, quando bem manejados, tornam a cultura do milho menos suscetível ao ataque de pragas e doenças. Assim, muito embora o controle químico se apresente como um método amplamente utilizado e eficiente dentro do manejo fitossanitário de lavouras, os mesmos são responsáveis por afetarem diretamente a comunidade de inimigos naturais. Em estudo sobre as tendências de uso de produtos químicos na cultura do milho, no período de 1992 a 2009, desde a introdução das variedades geneticamente modificadas, em 2009, houve 90,5% de adoção de milho transgênico e um uso de 1,8 milhão de quilos de inseticidas. Já em 1992, não havia área alguma com milho proveniente de transgenia e a quantidade atingia 10,3 milhões de quilos de inseticida. Isto demonstra que nos últimos 17 anos houve uma redução de aproximadamente 83% na quantidade de inseticida aplicado. Diante desta realidade, a utilização de material transgênico se apresenta como alternativa para a agricultura dita por sustentável. Isto pode ser analisado com base na redução da utilização de produtos químicos controladores quais, na maioria das vezes, são extremamente tóxicos aos seres humanos e ao meio ambiente. Aliado a isso, cita-se a transformação do sistema intensivo quimicamente em direção a adoção de práticas de cultivo voltada para uso de pesticidas biológicos, como a tecnologia Bt. Portanto, torna-se possível admitir a ideia de que culturas de milho que utilizam cultivares transgênicas, desde que possuam sua relação nutricional balanceada, tendem apresentar um maior nível de sustentabilidade sob a perspectiva do uso de produtos químicos para o combate de pragas e doenças.

Referências


ALVES, B. M. et al. Divergência genética de milho transgênico em relação à produtividade de grãos e à qualidade nutricional. Ciência Rural, p. 884- 891, 2015.

ALVES, L. R. A. et al. Diferenças nas estruturas de custos de produção de milho convencional e geneticamente modificado no Brasil, na segunda safra: 2010/11, 2013/14 e. Custos e@ gronegócio on line, p. 364-389, 2018.

BEDIN, F.A. et al. Eficiencia de eventos transgênicos de resistencia a insetos em soja e milho. Revista Cultivando o Saber, p. 201-214, 2015.

BOIÇA JÚNIOR, A. L. et al. Resistência de plantas e produtos naturais e as implicações na interação inseto-planta.

BUSOLI, AC; SOUZA, LA; ALENCAR, JRC; FRAGA, DF, p. 291-308, 2014.

COELHO, A. M. Nutrição e adubação. Embrapa Milho e Sorgo-Capítulo em livro científico (ALICE), 2007.

COUPE, R.H., CAPEL, P.D. Trends in pesticide use on soybean, corn and cotton since the introduction of major genetically modified crops in the United States. Pest Manag Sci 2015.

DAVIS, F. M. et al. Methods used to screen maize for and to determine mechanisms of resistance to the Southwestern corn borer and fall armyworm. In: International Symposium on Methodologies for Developing Host Plant Resistance to Maize Insects. 1989.

DE OLIVEIRA, C. M. et al. Controle químico da cigarrinha-do-milho e incidência dos enfezamentos causados por molicutes. Pesquisa agropecuária brasileira, p. 297-303, 2007.

ERVIN, D. E. et al. The theory and practice of genetically engineered crops and agricultural sustainability. Sustainability, p. 847-874, 2011.

FANCELLI, A. L.;DOURADO NETO, D. Produção de milho. 2000. FRAZÃO, J.J. et al. Fertilizantes nitrogenados de eficiência aumentada e ureia na cultura do milho. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, p.1262- 1267, 2014.

LOURENÇÃO, A.L.F. et al. Tecnologia e produção: milho safrinha e culturas de inverno. Maracaju: Fundação MS, 2009.

MUNKVOLD G.P. et al. Reduced Fusarium ear rot and symptomless infections of maize genetically engineered for European corn borer resistance. Phytopathology, p.79-89, 1997.

MUNKVOLD G.P., HELLMICH R.L. Genetically modified insect resistant corn: Implications for disease management. APSnet Feature, p. 1071–1077,1999.

PASINI, R. A. et al. Persistência de herbicidas dessecantes aplicados em milho transgênico sobre Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Revista Ciência Agronômica, p. 175-181, 2017.

PEREIRA FILHO, A.; BORGHI, E. Sementes de milho: nova safra, novas cultivares e continua a dominância dos transgênicos. EMBRAPA Milho e Sorgo. 2020.

PERRY, E. D.; MOSCHINI, G. Neonicotinoids in US maize: insecticide substitution effects and environmental risk. Journal of Environmental Economics and Management, p. 102-320, 2020.

STEFANELLO JÚNIOR, G. J. et al. Persistência de agrotóxicos utilizados na cultura do milho ao parasitoide Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Ciência Rural, p. 17-23, 2012.

TABASHNIK B.E., CARRIÈRE Y. Surge in insect resistance to transgenic crops and prospects for sustainability. Nature Biotechnology, p. 35-926, 2017.

TOSCANO, L. C. et al. Interação de híbridos de milho cultivados na safrinha e o controle químico da lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (JE Smith, 1797). Agrarian, p. 24-33, 2010.

ZAMBOLIM, L. et al. Efeito da nutrição mineral no controle de doenças de plantas. Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 2012.