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Enriquecimento ambiental na puberdade: o efeito no cuidado materno e metilação de genes no hipotálamo de fêmeas murinas LG/J
Nathália Sayuri Servulo Masuki, Natália Marques Roa, Lindomar de Oliveira Alves, Andréa Cristina Peripato

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


O enriquecimento ambiental (EA) refere-se à introdução de diferentes estímulos utilizados para melhorar as condições de vida de animais mantidos em ambientes limitados. EA pode impactar no bem-estar animal, diminuindo o estresse, ansiedade e indícios de depressão, e melhorando a qualidade de vida devido às alterações sensoriais ocasionadas por esse ambiente enriquecido. Ele pode ser oferecido em diferentes fases de vida do animal e impactar alterações comportamentais que poderão repercutir em alterações na expressão de vários genes, isto é, alterações epigenéticas. O presente trabalho investigou o efeito do EA em fêmeas murinas púberes da linhagem LG/J, em sua emocionalidade e cuidado materno. Entre os objetivos elencados pretendíamos verificar o efeito do EA na metilação de genes candidatos expressos no hipotálamo dessas fêmeas. Para tanto, dois grupos foram compostos, um grupo experimental (GE; n=20) com exposição ao EA na fase púbere, e um grupo controle (GC; n=20) sem exposição ao EA. Para todas as fêmeas foi monitorada a emocionalidade por meio dos testes de Campo Aberto (CA), Labirinto em Cruz Elevado (LCE) e Nado Forçado (NF), na fase púbere, adulta, materna e pós desmame. Ao atingir a maturidade, as fêmeas foram encaminhadas para reprodução e o cuidado materno foi investigado nas mães dos dois grupos. Foi realizada a busca de genes candidatos na literatura, em que, para investigar o padrão de metilação entre os grupos, foi escolhida a técnica Methylation-Specific PCR (MSP). Quanto a emocionalidade, os resultados obtidos sugerem que as fêmeas púberes, independente dos grupos, são menos ansiosas que as demais fases, pois ambulam significativamente mais nas áreas aversivas de CA e LCE (GE, p>0,05 e p>0,05; GC, p<0,05 e p>0,05, respectivamente). As púberes também apresentaram comportamento de maior mobilidade no NF, quando contrastadas com outras fases de desenvolvimento (GE, p>0,05; GC, p<0,05). O contraste de emocionalidade entre grupos, no entanto, sugere que as GE não diferiram significativamente das fêmeas GC (p<0,05), para todos os testes. Para o cuidado materno, as fêmeas GE realizaram significativamente (p>0,05) menos placentofagia, e tiveram filhotes significativamente (p>0,05) com maior peso na primeira semana de vida do que as fêmeas GC. Os dados de proteção materna, avaliado pelo teste de resgate, e a construção de ninho estão sendo ainda analisados. Nos procedimentos moleculares, a concentração de DNA do tecido hipotalâmico extraído, foi de 918 a 18.540 ng. O gene selecionado foi o Bdnf (Brain‐derived neurotrophic fator), que possui primers listados na literatura, mas também será realizado o desenho de novos primers, e após a conversão do DNA por bissulfito, será verificado o padrão de metilação desse gene em GE e GC. Em linhas gerais, conclui-se que o efeito do EA foi relativamente positivo e não demonstrou ser um estressor na fase de vida em que foi aplicado, entretanto, não foram encontrados contrastes significativos entre os grupos testados. O efeito do EA na fase materna e na metilação do gene Bndf nos hipotálamos dessas fêmeas será investigado posteriormente e caso seja encontrada essa associação, visamos utilizá-lo como potencial marcador epigenético associado ao bem-estar animal.


Palavras-chave


Emocionalidade, Comportamento materno, epigenética, camundongos

Referências


Aprovação CEUA no. 7124070519