Última alteração: 2021-02-25
Resumo
Introdução: Durante um exercício físico máximo, em indivíduos saudáveis, o trabalho muscular respiratório gera um alto consumo de oxigênio pelos músculos respiratórios. A manobra de pressão inspiratória estática máxima (PIMÁX) também é um teste máximo e apesar de ser amplamente utilizada na prática clínica, não existem estudos que avaliam a oxigenação muscular durante sua realização. Objetivo: Avaliar o comportamento das respostas de oxigenação dos músculos intercostal externo (IE) e esternocleidomastoideo (ECM), por meio da espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS) em resposta à manobra de PIMÁX. Metodologia: Vinte e quatro homens (idade 28±5 anos), aparentemente saudáveis, foram submetidos à manobra de PIMÁX por dois dias não consecutivos, com intervalo mínimo de 48 horas e máximo 1 semana, realizadas sempre pelo mesmo pesquisador. A realização da manobra seguiu as orientações dos guias de avaliação das pressões estáticas máximas brasileiras; e um intervalo entre as manobras de 1 minuto. As variáveis de oxigenação dos músculos inspiratórios IE e ECM foram coletadas por meio da NIRS. Foram estudadas as variáveis: oxihemoglobina (O2Hb), deoxihemoglobina (HHb), hemoglobina total (tHb), e diferença de hemoglobina (HbDiff). Para analisar o comportamento de oxigenação dos músculos respiratórios foi utilizada uma análise qualitativa visual. Resultados: Os resultados obtidos mostraram que durante a expiração lenta até atingir o volume residual (ponto de partida da manobra de PIMÁX), houve um aumento de todas as variáveis estudadas, exceto da HHb que se manteve praticamente constante, nesse período. Após iniciar a inspiração forçada, todas as variáveis de oxigenação muscular sofreram uma queda de concentração, diferenciando seu comportamento durante o esforço inspiratório. Durante esse período a tHb, se estabilizou e formou um platô; a variável O2Hb e HbDiff se mantiveram em queda, até o fim da manobra; e a HHb pós breve queda, apresentou um aumento linear. Todas essas respostas podem estar associadas ao aumento do trabalho da musculatura inspiratória, e consequente aumento do consumo de oxigênio pelos músculos respiratórios, gerada pelo esforço respiratório máximo. Não houve diferença de resposta entre os músculos estudados. Conclusão: Foi possível determinar o padrão de comportamento das variáveis de oxigenação muscular respiratória, em indivíduos saudáveis. No entanto, estudos futuros em doentes, devem ser realizados, a fim de verificar se essa avaliação pode auxiliar na identificação de alterações da oxigenação dos músculos respiratórios, em pacientes com doenças cardiorrespiratórias.
Palavras-chave
Referências
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