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EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR EM QUÍMICA: PRODUÇÃO E ENCAMINHAMENTOS
Marina Dias Saraiva, Elaine Gomes Matheus Furlan

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


O desenvolvimento de conhecimentos laboratoriais está previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química, indicando que os profissionais a serem formados necessitam de conteúdos abrangendo teoria e prática laboratorial, além de apresentar “domínio das técnicas básicas de utilização de laboratórios e equipamentos” (BRASIL, 2001, p. 4). O documento prevê a flexibilização dos componentes curriculares para que atendam às características do meio sociocultural e as competências e habilidades com relação ao ensino de Química, apontando a necessidade do saber laboratorial e do uso da experimentação.

A experimentação pode ser compreendida como um recurso no desenvolvimento de conceitos fundamentais da Química, auxiliando na interação entre fins e meios, educador e educando, e como parte do processo de ensino-aprendizagem (HARTWIG; FERREIRA, 2010). Isso deve ser proposto com objetivos pedagógicos previamente definidos, tendo o estudante como condutor motivado do trabalho, possibilitando o desenvolvimento de aptidões e habilidades laboratoriais, o conhecimento dos conteúdos da disciplina atrelados a conhecimentos prévios do aluno, e desenvolvimento pessoal do indivíduo (DUMON, 1988).

Dentre várias lacunas no âmbito do ensino superior em Química, ainda é muito difusa a aplicação de aulas de laboratório descritiva-reprodutivas (SATO, 2011); geralmente estudantes recebem um roteiro pré-estabelecido para alcançar um resultado previsto. Esta abordagem proporciona uma carência de compreensão sobre o papel da experimentação no processo de ensino-aprendizagem, além de colocar a prática experimental em situação que não assegura a relação teoria e prática, segundo Silva e Zanon (2000). Para as autoras é necessário estimular reflexões possibilitando aos estudantes compreenderem a conexão do conteúdo com a prática e não somente se entendem como ativos no laboratório apenas por estarem desenvolvendo algo.  Para Dumon (1988), este tipo de prática precisa ser rompido, uma vez que não possibilita aos estudantes o uso de uma abordagem científica para a resolução de um problema experimental.

Assim, esta pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa, buscou compreender a produção acadêmico-científica entre os anos de 2007 e 2018 acerca da experimentação na educação superior em Química.  Como objetivo principal investigou a produção referente aos níveis de bacharel, licenciatura e tecnológicos, identificando nos trabalhos aspectos metodológicos, objetivos, conceitos e referencial teórico sobre experimentação e os encaminhamentos, incluindo propostas pedagógicas e metodológicas para a experimentação. Em uma segunda etapa, os trabalhos localizados e selecionados foram identificados e categorizados, totalizando 16 artigos científicos, 6 dissertações e 2 teses.

A partir do estudo concluiu-se que a experimentação nos cursos de ensino superior em Química continua sendo uma temática pouco explorada nos trabalhos das áreas de Ensino, Educação e Química. Foi possível, também, concluir que muitos estudos ainda são voltados apenas a proposição de novos experimentos sem conceituar ou referenciar teoricamente a experimentação, acabando em mais modelos do experimento pelo experimento. Ademais, se concluiu que persistem lacunas de estudos sobre a experimentação no âmbito da inclusão bem como no uso de novas tecnologias. Estes resultados são importantes para a discussão sobre a formação dos profissionais da área de química, além da discussão pedagógico-metodológica sobre o uso do ensino experimental de Química no nível superior.



Palavras-chave


experimentação; química; ensino superior

Referências


BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Diretrizes curriculares nacionais para os cursos de química. Brasília, 2001. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1303.pdf>. Acesso em 29 jan. 2021

DUMON, A. Quelle(s) méthode(s) pour l’enseignement expérimental de la chimie? (1er cycle universitaire). Revue Française de Pédagogie, n. 84, p. 29-38, 1988. DOI: 10.3406/rfp.1988.1442

HARTWIG, D. R.; FERREIRA, L. H. Experimentação no ensino superior: a abordagem investigativa na formação inicial de professores. In: PIERSON, A. H. C.; OLIVEIRA E SOUZA, M. H. A. (org.). Formação de professores na UFSCar. São Carlos: EdUFSCar, 2010. p. 229-242.

SATO, M. S. A aula de laboratório no ensino superior de química. 2011. 116f. Dissertação (Mestrado em Ciências – Físico-Química) – Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/75/75133/tde-17042012-165501/pt-br.php>. Acesso em 29 jan. 2021.

SILVA, L. H. A.; ZANON, L. B. Experimentação no ensino de ciências. In: SCHNETZLER, R. P.; ARAGÃO, R. M. R. (org.). Ensino de Ciências: fundamentos e abordagens. Campinas: R. Vieira Gráfica e Editora, 2000. p.120-153.