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Falha Virológica Em Pacientes Virgens De Tratamento Com Infecção Crônica Pelo Vírus Da Imunodeficiência Humana Tipo-1
Henrique Pott Junior, Paulo Augusto da Silva

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) é um problema de saúde pública mundial e seu maior fardo advém das sequelas sobre o sistema imune. Por conseguinte, objetivo do tratamento antirretroviral é interromper o aumento de carga viral no organismo, procurando preservar a função imunológica de cada indivíduo. Contudo, o tratamento pode ter sua eficácia comprometida devido ao surgimento de variantes virais resistentes aos medicamentos antirretrovirais. Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo determinar a prevalência de falha de tratamento em pessoas vivendo com HIV-1, virgens de tratamento, e que iniciaram tratamento antirretroviral no município de São Carlos no último ano. Trata-se de um estudo observacional, tipo transversal, nacional, unicêntrico, utilizando como fonte de informação os prontuários médicos da população adscrita ao Centro De Atendimento De Infecções Crônicas, com diagnóstico de infecção pelo HIV-1, virgens de tratamento, que iniciaram regime de terapia antirretroviral baseado em dolutegravir entre 2018 e 2019, e que possuem documentado dois exames de carga viral quantitativa para RNA HIV-1 (pré-tratamento e 24 ou 48 semanas pós-tratamento). Nos resultados apresentados, não houve nenhum caso de falha virológica (carga viral superior à 1000 cópias/mL, segundo as recomendações da OMS). Entretanto, podemos identificar que 10 (12.5%) sujeitos não possuiam exame para quantificação de carga viral de HIV-RNA dentro deste intervalo de tempo, e que, portanto, não foi possível avaliar a ocorrência de falha virológica nestes indivíduos. Desta forma, o regime de terapia antirretroviral baseado em dolutegravir demonstrou ser efetivo para o tratamento de indivíduos com infecção pelo HIV-1 e virgens de tratamento, a despeito da carga viral HIV-RNA e contagem de células T CD4+. Trata-se de tratamento com evidência científica reconhecida capaz de promover melhor controle da progressão da doença, e consequentemente, melhorar a qualidade de vida e reduzir a taxa de transmissão viral. Apesar da reconhecida efetividade e alta barreira genética de dolutegravir, ressaltamos a necessidade de acompanhamento e monitoramento viral ao longo do tratamento, pois fatores não relacionados à potência do regime de terapia antirretroviral podem levar ao comprometimento do sucesso terapêutico. Para tanto, urge a necessidade de seguir as recomendações preconizadas pela OMS.

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