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A prática profissional do psicólogo frente às políticas públicas (SUS e SUAS): uma análise hermenêutica sobre os sentidos do Trabalho.
Bruno Henrique Cardoso, Luciana NOGUEIRA Fioroni

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Introdução: Historicamente, a formação é um tema que ocupa a centralidade no debate entre a definição de Políticas Públicas (PP) e a estruturação dos serviços (tanto na saúde quanto na assistência social), bem como a educação permanente no processo de trabalho (Oliveira et al., 2017). Neste sentido, o presente estudo se propôs a levantar práticas profissionais de psicólogos que atuam no SUS e SUAS, no município de São Carlos-SP, a fim de compreender como as dimensões da prática e dos princípios das Políticas Públicas se articulam. Método: Trata-se de uma pesquisa empírica, qualitativa, orientada pelos referenciais da Psicologia Social Crítica e da Hermenêutica-Dialética que utilizou como instrumento, roteiro de entrevista semi-estruturada com 11 profissionais do SUS/SUAS: 10 identificam-se com o gênero feminino e 1 com o gênero masculino; com idade média de 40 anos, 5 trabalhadores do SUS e 6 trabalhadores do SUAS. As entrevistas foram áudiogravadas, transcritas e analisadas a partir da análise temática de conteúdo. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da UFSCar (CAAE 16117419.1.0000.5504) e os resultados produzidos definiram 4 categorias temáticas. Resultados: A articulação entre a formação acadêmica e a prática profissional é frágil em alguns aspectos (como abordagem insuficiente das Políticas Públicas). Ainda assim, o SUS se mantém como o tópico de discussão mais presente nos relatos do que o SUAS. A formação para a atuação que se dá durante o trabalho na PP ocorre a partir de buscas por literatura da área, na leitura das diretrizes da própria lei da política na qual o profissional atua, no diálogo com colegas e no cotidiano do trabalho. Os relatos apontam também para para o equívoco nos encaminhamentos realizados pela rede, além de um modelo de trabalho que parece ser diretamente afetado pela representação que os demais setores da rede possuem sobre a sua atuação. O que se destaca em relação aos desafios e aspectos negativos são principalmente a falta de recursos humanos e materiais, as extensas jornadas de trabalho e o fato de ter como objeto de trabalho, o sofrimento humano, em toda a sua diversidade e complexidade. Sobre os aspectos positivos e potencialidades, o que se destaca é o reconhecimento e a gratificação em relação ao campo de trabalho e também o fato de os profissionais conseguirem de alguma forma garantir o acesso dos usuários mais fragilizados a um serviço engajado e com a maior qualidade possível. Conclusão: Como conclusão, destaca-se o grau de fragilidade no qual se encontram os cursos de graduação e seus projetos pedagógicos para a formação dos profissionais psi que atuam em Políticas Públicas (em especial, para o SUAS). Entende-se que uma melhor articulação entre o trabalho dos agentes nos sistemas faz-se crucial para uma prática potente de transformação social e efetiva no cuidado em saúde e proteção psicossocial. Destaca-se uma necessidade de melhor compreensão da Integralidade em saúde por parte das equipes (não apenas profissionais psi), visto que alguns equipamentos funcionam alinhados a um modelo biomédico, ambulatorial e individualista, dificultando o cuidado Integral e Integrado.

 


Palavras-chave


Atuação do Psicólogo, Políticas Públicas, SUS, SUAS, Trabalho

Referências


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