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ANÁLISE QUALI-QUANTITATIVA DOS RESÍDUOS DE GESSO ORIUNDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS-SP
Carolina de Almeida Bessa, Mariana Maiorino Degiovani, Rodrigo Eduardo Córdoba, Jose da Costa Marques Neto

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


No Brasil, a geração dos diferentes tipos de resíduos e, principalmente seu descarte irregular tem determinado um processo contínuo de degradação das áreas mais vulneráveis das cidades com implicações na qualidade de vida da população. Com a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010, a gestão de qualquer resíduo sólido se tornou imprescindível. Entre os resíduos sólidos que mais impactam o meio ambiente cabe destaque os resíduos da construção civil (RCC) por problemas como: desperdícios de materiais; consumo excessivo de matéria prima e geração descontrolada de resíduos. Na atualidade, um dos RCC mais presentes em obras de edificações é o resíduo de gesso (RGCC). O gesso enquanto material de construção pode ser utilizado em revestimentos de forros e paredes, em molduras e quadros, em divisórias e paredes drywall. Embora o gesso traga vantagens econômicas, ele apresenta certa periculosidade. O objetivo da presente IC foi estudar os aspectos quali-quantitativos e de periculosidade dos resíduos de gesso oriundos das obras de São Carlos-SP. A metodologia foi estruturada em cinco etapas: levantamento da situação do manejo dos RGCC; identificação de descartes clandestinos; caracterização física do RGCC; cálculo estimado da geração dos RGCC; ensaios de solubilização de amostras de RGCC. Na cidade de São Carlos- SP, os principais responsáveis pelo manejo dos RGCC são os mesmos transportadores de outros entulhos de obras. Pela lei 13.867/2006 que instituiu o Plano Integrado de Gerenciamento de RCC em São Carlos, o RGCC deve ser disposto em infraestruturas licenciadas e adequadas no município. No entanto, em razão dos valores diferenciados para esses resíduos, foi possível observar aumento dos descartes irregulares. No mapeamento realizado foi possível levantar que somente cerca de 20% desses descartes ocorrem no único aterro privado licenciado pela CETESB. Foi possível estimar que entre jan/2019 e set/2020 foram geradas 1.459,45 toneladas de RGCC. Portanto, em São Carlos obteve-se o índice diário de 2,83 ton/dia. Cabe observar que esta geração pode ser maior em razão dos descartes clandestinos. A partir dos resultados obtidos dos ensaios de solubilização conforme a NBR 10.006 (ABNT, 2004) pôde-se observar traços de metais pesados como chumbo e cádmio nos RGCC com valores de 0,06 e 0,003 mg/L respectivamente. Foi possível observar que dos parâmetros analisados apenas o chumbo e sulfato excederam aos valores máximos permitidos (VMP) constantes no Anexo G da NBR 10.004 (ABNT, 2004). Foi possível observar que o chumbo obteve valor de 0,06 mg/L e os sulfatos de 1600 mg/L (os VMP são de 0,01 mg/L e 250 mg/L). Com base nos resultados das análises dos extratos solubilizados pode-se classificar os RGCC como resíduos Classe II A – não perigosos e não inertes. Por fim, foi possível concluir que a geração de 2,83 ton/dia entre 2019 e 2020 aumentou com relação aos anos anteriores. Porém, a geração de 2% de RGCC pode ser considerada pequena frente a geração total de RCC. Por outro lado, pelos ensaios de solubilização foi possível concluir que os RGCC possuem caráter não inerte, o que gera preocupação quanto ao seu descarte irregular.


Palavras-chave


Resíduos da Construção Civil; Resíduos de Gesso; Gestão de Resíduos; Contaminação

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