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Dieta de felinos em uma paisagem agrícola do SO Paulista
Alexandra Sanches, Ana Paula Rodrigues de Oliveira

Última alteração: 2021-03-18

Resumo


Em paisagens muito alteradas pela perda e fragmentação de habitats, os pequenos felinos neotropicais costumam atuar na condução da teia trófica, controlando a abundância de pequenas presas e auxiliando na dispersão de sementes. Logo, estudos sobre suas dietas são importantes para entender a relação com esses ambientes e a biologia desses animais. Assim, este estudo analisou a dieta de felinos neotropicais ao longo de um ano em uma fazenda agrícola, campus Lagoa do Sino (UFSCar, Buri-SP), comparando resultados. Foram realizadas visitas mensais a campo entre maio e julho de 2019, com coletas esporádicas em agosto, outubro e dezembro do mesmo ano, e entre janeiro e abril de 2020, totalizando 10 meses e 127,8 quilômetros percorridos. As amostras coletadas foram lavadas e triadas, os itens alimentares identificados a nível de grupo de espécies e as espécies de felinos identificadas por DNA fecal e análise morfológica de pelos, por um projeto paralelo. A descrição da dieta foi feita através da frequência de ocorrência (FO%) e porcentagem de ocorrência (PO%) dos itens alimentares, com uma análise da variação sazonal. Foram coletadas 104 amostras fecais, das quais 63 (80, 8%) puderam ser identificadas por tricologia e apenas 4 (5,13%) pelo método molecular. Das 58 amostras analisadas para dieta 51 (50%) foram atribuídas a Leopardus guttulus, 4 (3,86%) Puma yagouaroundi, 3 (2,88%) Leopardus pardalis e 4 (3,86%) não identificadas. A dieta foi composta por itens de origem animal e vegetal, os pequenos mamíferos foram as presas mais consumidas pelo Leopardus guttulus (FO = 88,24% e PO = 33,58%) seguido pelas gramíneas (FO = 45,10% e PO = 17,16%), invertebrados (FO = 43,14% e PO = 16,42%), aves e répteis (FO = 29,41% e PO = 11,19%). Para o Puma yagouaroundi pequenos mamíferos, aves e gramíneas foram predados de maneira igual (FO = 75% e PO = 23,08%), seguido por répteis e invertebrados (FO = 75% e PO = 23,08%). Leopardus pardalis consumiu mais pequenos mamíferos ((FO = 100,00% e PO = 37,50%), seguido por invertebrados (FO = 66,67% e PO = 25,00%), répteis e gramíneas FO = 33,33% e PO = 12,50%). Somente para L. guttulus é que foi possível uma análise estatística dado o maior tamanho amostral. Embora não tenha sido detectado diferença significativa entre a dieta nos dois períodos (Kruskal-Wallis, H=3,5633, p=0,0591) foi possível observar que pequenos mamíferos e aves apresentaram-se como itens igualmente importantes nos dois períodos para os felinos, assim como os répteis, com exceção do L. pardalis que consumiu somente na estação seca (16,67%, 1 amostra) enquanto os invertebrados mostraram uma evidência de maior consumo pelos felinos na estação úmida (31,03% e 33,33%, respectivamente) em comparação a seca (19,40% e 16,67%). A dieta dos três felinos no campus Lagoa do Sino, não divergiu do relatado na literatura, sendo um tanto quanto generalista e oportunista, voltado ao consumo de pequenas presas conforme a sua disponibilidade e abundância associadas à matriz agrícola, caso esta disponha de remanescentes de vegetação natural.

Palavras-chave


dieta, felinos, canrnívoros