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Avaliação do mecanismo de ação do ácido ascórbico na agregação da beta-amilóide para tratamento da doença de Alzheimer
Felipe Domingues Quatroni, Valtencir Zucolotto, Isabella Sampaio, Paula Maria Pincela Lins

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


O Alzheimer (AD) é uma doença neurodegenerativa causada pelo acúmulo de peptídeos beta-amilóide (Aβ) no cérebro, gerando placas fibrilares ao redor dos neurônios1. Estudos mostraram que o ácido ascórbico (AA), um composto antioxidante essencial ao organismo humano, possui uma correlação negativa entre sua concentração e a quantidade de placas fibrilares no cérebro de pacientes com AD2. Em um estudo anterior, encontramos através de testes de fluorescência com Thioflavina e microscopia de força atômica (AFM) que o ácido ascórbico (AA) reduz significativamente a formação de agregados fibrilares da Aβ42. Com base nesses resultados, o objetivo do atual projeto consiste em determinar o mecanismo pelo qual o AA inibe a formação dos agregados amilóides. Para isso, alterações na estrutura secundária do tipo folha-β da Aβ42 foram analisadas através de medidas de dicroísmo circular (CD) e de espectroscopia de FTIR. Amostras de Aβ42 com e sem AA foram incubadas por 72 h à 37ºC, com análises realizadas a cada 24 h. A análise de CD mostrou que após 24 h, para as amostras sem AA, ocorreu um aumento na formação de folhas-β enquanto para as amostras incubadas com AA, houve uma diminuição na porcentagem de folha-β, corroborando com os dados de fluorescência com ThT. Para avaliar a interação entre o AA e os monômeros de Aβ42 e determinar seus parâmetros termodinâmicos foi utilizada a calorimetria de titulação isotérmica (ITC). Moléculas de AA foram tituladas contendo Aβ42 à 37ºC. As isotermas geradas no ITC mostraram que a interação ocorre em múltiplos sítios da Aβ42 através de um modelo de ligação cooperativa positiva, em que a afinidade de ligação (Kd) do AA aumenta através das sucessivas ligações. Os valores gerados de Kd, foram significativamente maiores que outros agentes inibidores da agregação da Aβ42, mostrando que o AA é mais eficaz atuando na inibição da agregação do peptídeo. Portanto, esse estudo além de mostrar que o AA possuiu potencial para o tratamento da AD, ao determinar seu mecanismo de ação ele contribui para o desenvolvimento de novos fármacos com atuação em doenças amiloidogênicas.

Palavras-chave


Doença de Alzheimer; Proteína Beta-amilóide; Ácido Ascórbico, Mecanismo de ação.

Referências


1EDWARDS, F. A. A Unifying Hypothesis for Alzheimer’s Disease: From Plaques to Neurodegeneration. Trends in Neurosciences, Vol. 42, nº 5, p.310-322. Maio, 2019.

 

2GIRIDHARAN, V.V. et al. Infection-Induced Systemic Inflammation Is a Potential Driver of Alzheimer’s Disease Progression. Frontiers in aging neuroscience, Vol. 11, nº 122, p.1-5. Maio, 2019.