A busca por sistemas sustentáveis que mantenham a  biodiversidade e seus benefícios é crescente. Em áreas urbanas, a vegetação relaciona-se a processos históricos e culturais, sua presença contribui para: a proteção e melhoria de  recursos hídricos; redução de poluição; manutenção da temperatura e da  umidade do ar; conservação da fauna; lazer e  manifestações culturais. Nesses espaços, a agricultura sempre esteve presente, mesmo que em  menor escala, contribuindo com a segurança e soberania alimentar e geração  de renda. Os Sistemas agroflorestais – SAFs - estão entre  os diversos sistemas agrícolas implantados em áreas urbanas, entre eles os quintais agroflorestais são áreas adjacentes às residências. Neles são  feitos plantios de espécies vegetais de diferentes formas de vida que ocupam  diferentes estratos, para distintos fins, podendo contemplar a criação de  animais em uma mesma unidade de área. O trabalho teve como objetivo coletar e analisar informações referentes à localização, estrutura, composição e manejo de quatro áreas cultivadas por moradores, localizadas no entorno do parque linear Parque Ecológico Fausto Esteves dos Santos, em  Limeira, SP. Além de Identificar e mapear as principais espécies vegetais, seus usos, as motivações para cultivá-las, e sua implantação em consórcios  agroflorestais. O Parque está localizado na região periférica de Limeira. O espaço integra uma  significativa reserva de vegetação natural em sua mata ciliar. Foram estudados quatro quintais cultivados e manejados por moradores em seu entorno,  escolhidos a partir de imagens de satélite do Google Earth e visitas a campo.  Realizou-se visitas guiadas e entrevistas semiestruturadas com os responsáveis, e levantou-se informações sobre: os agricultores; a delimitação da  área por meio de sistema de posicionamento global; a identificação das espécies  plantadas; as formas de vida; os usos; as funções e os tipos de manejos empregados no local. A história de vida dos moradores entrevistados influenciou suas  escolhas, já que se constatou que todos em algum momento já moraram na zona  rural, e essa vivência com o campo contribuiu para que posteriormente essas  pessoas voltassem a cultivar. Foram registradas 79 espécies vegetais, pertencentes a 40 famílias botânicas, sendo as principais: Anacardiaceae, Fabaceae e Myrtaceae. Destas, 56% têm como principal função a alimentação. As plantas ornamentais  foram o segundo uso mais importante (75%), sendo que em um dos quintais esse foi citado como uso principal. Também se observou espécies de uso  medicinal em duas áreas. Conclui-se que as áreas cultivadas são quintais agroflorestais, e uma importante fonte de recursos para os manejadores, considerados aqui como  agricultores urbanos. Nessas áreas são cultivadas plantas alimentícias que  contribuem com a segurança e soberania alimentar das famílias, além de plantas  ornamentais e medicinais. Os agricultores entrevistados mostraram ter um  grande conhecimento acerca das espécies que cultivam. A presença desses  mantenedores e quintais contribui com o aumento da biodiversidade e com sua  conservação, e evita que essas áreas - pouco assistidas pelo poder público - fiquem em situação de abandono.