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DETERMINAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA ORAL DO INSETICIDA CLOTIANIDINA PARA Tetragonisca angustula LATREILLE, 1811 (HYMENOPTERA, APIDAE, MELIPONINI)
Tauane de Lima Astolfo, Roberta Cornélio Ferreira Nocelli

Última alteração: 2021-02-25

Resumo


As abelhas são os principais polinizadores em ambientes naturais e agrícolas. Elas prestam esse serviço ecossistêmico essencial de forma indireta para a manutenção da vegetação. Atualmente há evidências que o grupo de abelhas sem ferrão nativas do Brasil é responsável por 30% da polinização das culturas mais importantes para o homem, o que dá também às abelhas um prestígio no âmbito comercial. Porém, o declínio desses polinizadores é um fator preocupante, e desta maneira, pesquisas na área constataram que um dos motivos que pode estar ligado à diminuição dessas taxas é o uso exacerbado de agrotóxicos. Existem várias classes de agrotóxicos, dentre elas, os neonicotinoides, os inseticidas mais utilizados em plantações agrícolas atualmente, podendo ser um dos fatores que levam ao declínio de organismos não-alvos. Portanto, os estudos ecotoxicológicos visam à análise de risco dos agrotóxicos e também podem gerar dados que contribuam com a proteção das abelhas. Dessa forma, o presente estudo objetivou avaliar a toxicidade do inseticida clotianidina, um neonicotinoide, determinando a dose letal média (DL50), e a concentração letal média (CL50) do ingrediente. Para tanto, foram coletadas abelhas forrageiras das espécies Tetragonisca angustula na entrada de três colônias não parentais, sendo estas acondicionadas em potes plásticos previamente furados para entrada de ar, com suas tampas também perfuradas em dois locais para a retirada das abelhas mortas e o outro para o microtubo alimentador. E com o intuito de simular as condições naturais de uma colônia, os experimentos foram conduzidos em estufa climatizada (Demanda bioquímica de oxigênio - B.O.D.), com temperatura a 28oC ±1°C e umidade relativa de 70% ±5%, em constante escuro. Os indivíduos receberam como alimento uma solução de sacarose a 50% m/v, ad libitum, sendo oferecida em microtubos perfurados, permitindo a inserção da probóscide das abelhas para a alimentação da solução tratada com o inseticida clotianidina. Os resultados encontrados foram analisados utilizando o Software R para a avaliação de risco da substância na espécie utilizada, obtendo-se os valores da CL50 de 2,9 ng i.a/μL em 24 horas e 2,5 ng i.a/μL em 48 horas. Já para a DL50 foi de 0,00030 μg/abelha em 24 horas e 0,00025 μg/abelha em 48 horas. Desse modo, as informações obtidas nesse estudo foram de grande relevância, já que há uma escassez de dados na literatura voltados a avaliação de riscos de agrotóxicos para abelhas sem ferrão. Além disso, os dados poderão ser incluídos nas investigações do IBAMA, a fim de preencher lacunas do conhecimento referente à avaliação de risco para as abelhas sem ferrão e nos processos regulatórios de registros de novos agrotóxicos no país, potencializando assim, a preservação e conservação desses polinizadores.


Palavras-chave


abelha nativa; agrotóxico, neonicotinoide.

Referências


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